Bolha no Brasileirão: riscos de uma explosão com SAFs e direitos de transmissão

A bolha de SAFs e direitos de transmissão no Brasileirão pode estar em risco. Análise sobre o futuro financeiro dos clubes.
28/03/2025 às 17:33 | Atualizado há 1 mês
Bolha no Brasileirão
Clubes gastam mais, mas receitas insustentáveis podem levar a uma crise em dois anos. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

Os valores no futebol brasileiro atingiram patamares impressionantes, com salários e transferências constantemente noticiados na casa dos milhões. Paralelamente, as dívidas dos clubes também crescem, gerando preocupações sobre a sustentabilidade financeira do esporte. Em 2024, os clubes brasileiros gastaram um valor recorde de US$ 353 milhões em transferências, um aumento expressivo em relação aos anos anteriores. Analistas alertam que essa tendência pode estar inflando uma Bolha no Brasileirão, com sérias consequências para o futuro do futebol nacional.

O mercado de transferências no futebol, assim como no mercado financeiro, pode estar formando uma bolha especulativa. Clubes investem quantias cada vez maiores em jogadores, elevando seus preços sem um fundamento sólido. Amir Somoggi, da Sports Value, alerta que essa bolha pode estourar em breve, levando os clubes a enfrentar crises financeiras severas caso não controlem seus gastos.

Nos últimos anos, os clubes brasileiros viram suas receitas aumentarem com patrocínios de casas de apostas, investimentos nas Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) e a venda de direitos de transmissão. No entanto, Cesar Grafietti, especialista em finanças do esporte, questiona a sustentabilidade dessas fontes de receita a longo prazo. Para ele, o aumento dos gastos com contratações não está alinhado com a capacidade real de geração de receita dos clubes.

Outro fator que contribui para a formação da bolha é o chamado “efeito manada”, onde clubes se sentem pressionados a investir para acompanhar o ritmo de outros, mesmo que não tenham condições financeiras para isso. A falta de regras de fair play financeiro também permite que clubes gastem mais do que arrecadam, criando um cenário insustentável.

Times de expressão nacional são frequentemente lembrados quando se fala em gastos excessivos, mas não são os únicos a contribuir para o problema. A inflação atinge todas as divisões, com clubes da Série C pagando salários incompatíveis com suas receitas. A migração para o modelo de SAF não garante imunidade, como demonstra a situação do Botafogo, cujo proprietário também enfrenta dificuldades financeiras no Lyon, da França.

As consequências do estouro da Bolha no Brasileirão podem ser graves. Clubes com altos investimentos que não alcançarem títulos podem sofrer uma redução nos aportes financeiros, enquanto aqueles que se endividarem terão dificuldades em atrair talentos e manter seu desempenho esportivo. Grafietti ressalta que as SAFs correm um risco ainda maior, pois podem quebrar caso a gestão não seja eficiente.

Via InfoMoney

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.