Conflito no Oriente Médio Eleva Preço dos Fertilizantes no Brasil

Saiba como o atual conflito no Oriente Médio impacta o preço dos fertilizantes no Brasil e suas possíveis consequências.
23/06/2025 às 16:32 | Atualizado há 5 meses
               
Alta dos fertilizantes no Brasil
Produção de ureia no Irã e Egito enfrenta paralisações significativas. (Imagem/Reprodução: Forbes)

Os agricultores brasileiros devem se preparar para um aumento nos custos de produção da safra 2025/2026, que começa a ser semeada em setembro no Centro-Oeste. Segundo especialistas, o conflito entre Irã e Israel pode comprometer o fornecimento de insumos e gerar dificuldades logísticas, impactando diretamente o bolso do produtor. Um relatório da StoneX, divulgado recentemente, aponta para a paralisação da produção de ureia no Irã e no Egito, dois grandes produtores de fertilizantes no Oriente Médio.

Essa interrupção no Egito está relacionada à diminuição no fornecimento de gás de Israel. No Irã, as fábricas de ureia e amônia estão inativas devido aos riscos associados à guerra. O Brasil, sendo um grande importador de fertilizantes, fica vulnerável a essas oscilações de preços em tempos de instabilidade global.

Até o momento, os produtores brasileiros já adquiriram cerca de 61% da demanda de fertilizantes para o segundo semestre, mas nem todos os pedidos foram entregues, conforme informou Renato Françoso, especialista da StoneX, à Reuters. A StoneX também alerta que os agricultores que ainda não compraram os insumos necessários enfrentam uma relação de troca desfavorável.

Essa situação pode levar à redução das aplicações na próxima safra. Em março de 2025, por exemplo, um agricultor precisaria vender 28 sacas de soja para adquirir uma tonelada de fertilizante MAP (composto por nitrogênio e fósforo). Quatro meses depois, essa proporção já subiu para 31 sacas, segundo estimativas de Françoso.

O poder de compra de fertilizantes pelos agricultores brasileiros atingiu o nível mais baixo em mais de 30 meses. Essa conjuntura é resultado da queda nos preços de importantes commodities agrícolas e do aumento nos custos dos adubos, de acordo com um indicador elaborado pela Mosaic, divulgado neste mês. Para os produtores de milho, o conflito no Irã, que responde por 17% a 20% da demanda brasileira por ureia, é um motivo de preocupação imediata.

Jeferson Souza, analista da Agrinvest, ressalta que “as perspectivas para a ureia são incertas, a logística conturbada e ainda temos um programa de importação bem robusto pela frente”. Ele estima que a ureia já subiu 25% em relação ao ano passado. Francisco Vieira, analista da Agroconsult, acredita que ainda é cedo para prever se os produtores brasileiros irão reduzir a área plantada de milho ou soja devido ao aumento dos custos dos fertilizantes.

Vieira aponta que existem fornecedores alternativos fora do Oriente Médio, como a China e o Marrocos, e não prevê escassez de fertilizantes. Para ele, “o maior problema é o preço”. Evandro Turatto, diretor da Next Shipping, informa que os afretadores já estão cobrando o dobro para entrar no Estreito de Ormuz, que o Irã ameaça fechar, impactando diversos setores.

Nos últimos dez dias, o frete de contêineres fracionados aumentou em média 30%, segundo Turatto. Ele alerta que “caso escale muito a guerra, a gente pode entrar num canal de crise de cadeia de suprimentos sem precedentes”, lembrando que nem os problemas durante a pandemia seriam comparáveis. A instabilidade no Oriente Médio já está causando um impacto significativo no mercado de fertilizantes no Brasil, com aumento de preços e incertezas sobre o futuro.

É crucial que os agricultores brasileiros acompanhem de perto essa situação e busquem alternativas para minimizar os impactos nos seus custos de produção. A diversificação de fornecedores e o planejamento estratégico são medidas importantes para enfrentar esse cenário desafiador. A alta do fertilizantes no Brasil impacta não só os produtores mas também os consumidores.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.