Dólar em Alta e Ibovespa em Queda: O Impacto das Exportações

Entenda como as preocupações com a exportação influenciam a alta do dólar e a queda do Ibovespa.
11/07/2025 às 21:23 | Atualizado há 4 meses
               
Preocupações com exportação
Mercado cauteloso com possível tarifa de 50% nas exportações brasileiras para os EUA. (Imagem/Reprodução: Forbes)

A possível imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, com início previsto para 1º de agosto, tem gerado grande atenção e cautela no mercado financeiro. A principal preocupação reside na possibilidade de redução das exportações brasileiras, o que impactaria negativamente a entrada de dólares no país, mesmo com o Brasil apresentando contas externas relativamente estáveis.

O cenário financeiro da última sexta-feira refletiu essa apreensão. O dólar à vista registrou uma leve alta de 0,12%, cotado a R$ 5,5481. No acumulado da semana, a valorização da moeda americana frente ao real atingiu 2,28%, influenciada pelos prêmios de risco incorporados após o anúncio do presidente americano, Donald Trump.

O Ibovespa também apresentou um desempenho negativo, marcando o quinto dia de queda consecutiva, com um recuo de 0,41%, totalizando 136.187,31 pontos. Na semana, o índice acumulou uma queda de 3,59%, enquanto no mês, o declínio atingiu 1,92%.

As preocupações com exportação foram o centro das discussões na sexta-feira, com analistas e economistas avaliando os possíveis impactos da nova tarifa americana. A medida pode levar a uma diminuição no volume de produtos brasileiros exportados, afetando o fluxo de entrada de dólares no país.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, comentou sobre o tema, afirmando que, do ponto de vista da economia real, o impacto é limitado devido ao Brasil ser um país relativamente fechado. No entanto, ele ressalta que a tarifa afeta diretamente o mercado de câmbio, exercendo pressão sobre a inflação e as taxas de juros, o que pode gerar um efeito cascata na economia.

Economistas do Goldman Sachs destacaram que, na próxima semana, o foco estará na reação dos mercados e das autoridades da América Latina às recentes medidas de política comercial e tarifária dos EUA, especialmente os anúncios relacionados ao cobre e ao Brasil. O governo brasileiro pretende iniciar um diálogo com os Estados Unidos para tentar reverter a situação.

O Brasil não é o único país a enfrentar possíveis reajustes tarifários. Os Estados Unidos anunciaram uma tarifa de 35% para o Canadá e sinalizaram que a taxa padrão de 10%, aplicada a outros países, pode ser elevada para 15% ou 20%. Havia, inclusive, a expectativa de que novas tarifas fossem anunciadas para produtos da União Europeia.

No cenário corporativo, algumas empresas se destacaram negativamente. A LOCALIZA ON apresentou uma queda de 4,16%, anulando a alta do dia anterior, em meio às discussões sobre os potenciais impactos de um decreto que zera o IPI para carros com maior eficiência energética. A MOVIDA ON também registrou um recuo significativo de 9,26%.

Por outro lado, a MRV&CO ON avançou 3,05%, após a construtora anunciar a atualização de sua projeção de geração de caixa da subsidiária americana Resia, de US$ 270 milhões em 2025 para US$ 493 milhões até o final de 2026. A empresa também estimou uma baixa contábil de US$ 144 milhões com a venda de ativos nos EUA.

As ações dos grandes bancos também apresentaram desempenhos distintos. ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,82%, acompanhado por BRADESCO PN (-0,56%), BANCO DO BRASIL ON (-0,33%) e SANTANDER BRASIL UNIT (-0,75%). Em contrapartida, o BTG PACTUAL UNIT fechou com um acréscimo de 0,07%.

A VALE ON encerrou o dia em alta de 1,3%, atenuando um ajuste mais negativo no Ibovespa, impulsionada pelo aumento de 1,8% no contrato de futuro de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China. A PETROBRAS PN também subiu 1,21%, influenciada pelo aumento de 2,5% no preço do barril de Brent no mercado externo. No setor, PETRORECONCAVO ON, PRIO ON e BRAVA ENERGIA ON também apresentaram valorizações.

MARFRIG ON perdeu 4,17%, em meio a ajustes após uma alta expressiva no dia anterior. A CVM adiou a assembleia de acionistas da BRF, que discutiria a incorporação da dona das marcas Sadia e Perdigão pela Marfrig. A BRF ON também caiu 4,35%.

YDUQS ON e COGNA ON fecharam em baixa de 7,4% e 3,99%, respectivamente, refletindo um pregão negativo para ações de empresas sensíveis à economia doméstica ou com alto nível de endividamento. MAGAZINE LUIZA ON perdeu 3,6%, enquanto o índice do setor de consumo cedeu 1,65%.

MÉLIUZ ON, que não faz parte do Ibovespa, apresentou um aumento de 9,67%, após divulgar que está em fase final para listar suas ações na OTC Markets, nos Estados Unidos. FRASLE MOBILITY ON, também fora do Ibovespa, caiu 8,03% após precificar uma oferta de ações a R$24 por papel.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.