Entrevista Jair Bolsonaro: ‘Prisão seria o fim da minha vida aos 70 anos’

Entrevista Jair Bolsonaro: o ex-presidente fala sobre as acusações de golpe, suas relações com os militares e o processo eleitoral de 2022. Saiba mais!
30/03/2025 às 21:39 | Atualizado há 1 mês
Entrevista Jair Bolsonaro
Bolsonaro admite ter discutido ações extremas em 2022, mas as descartou rapidamente. (Imagem/Reprodução: Eshoje)

Em uma recente Entrevista Jair Bolsonaro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) abordou as acusações de liderar uma trama golpista, pelas quais se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro admitiu ter discutido com seus auxiliares em 2022 sobre medidas como estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal, todas previstas na Constituição para situações de grave instabilidade institucional, comoção social ou guerra.

O ex-presidente também mencionou o artigo 142 da Constituição, que bolsonaristas interpretam como uma autorização para as Forças Armadas atuarem como um poder moderador, visão já rejeitada pelo STF. Acusado de cinco crimes com penas que somam mais de 40 anos, Bolsonaro afirmou que uma eventual prisão representaria o fim de sua vida e carreira política, considerando sua idade.

Na Entrevista Jair Bolsonaro, concedida na sede do PL, Bolsonaro comentou sobre a delação de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, e o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para arquivar a investigação sobre fraude em seu cartão de vacina. Bolsonaro negou ter solicitado a Cid a falsificação do cartão, alegando ser sempre contrário à vacina.

Ele questionou a espontaneidade da delação de Cid e mencionou a conclusão da PGR de que não havia indícios mínimos de sua ordem para falsificar o cartão. Bolsonaro comparou o caso com a Lava Jato, insinuando que, se fosse um caso envolvendo ele, o processo já teria sido anulado, sugerindo não possuir tanto poder assim.

Bolsonaro também especulou sobre a possibilidade de o arquivamento da investigação do cartão de vacina ser um sinal para outros processos, como o das joias, considerando-o um “sinal vermelho”. Ele argumentou que investigar o cartão de vacina e, simultaneamente, relacioná-lo a presentes e estado de sítio seria inadequado, defendendo que um juiz só deve iniciar um processo após ser provocado.

Ao ser questionado sobre as alternativas discutidas com seus auxiliares, Bolsonaro explicou que, após a sua contestação das eleições ser arquivada e multada por Alexandre de Moraes, ele buscou alternativas dentro das “quatro linhas” da Constituição. As opções consideradas incluíram estado de sítio, estado de defesa, o artigo 142 e intervenção.

Ele mencionou ter se reunido duas vezes com comandantes militares e outras pessoas, mas sem aprofundar nas discussões. Bolsonaro justificou que, após a derrota eleitoral, a pressão sobre seus auxiliares e ministros diminuiu, permitindo que eles retornassem à normalidade. Ele defendeu a discussão de dispositivos constitucionais, argumentando que não houve convocação dos conselhos da República e da Defesa, nem cogitação de medidas concretas.

Sobre ter mencionado o Conselho da República em 7 de setembro de 2021, Bolsonaro disse não se lembrar, mas afirmou que não haveria crime nisso. Questionado sobre o motivo de discutir essas alternativas com os militares, Bolsonaro respondeu que confia nas Forças Armadas e que não há problema em conversar sobre o assunto, desde que se chegue à conclusão de que não há fundamentos para prosseguir com tais medidas.

Bolsonaro negou que discutir alternativas com os militares para impedir a posse de Lula configurasse uma tentativa de golpe de Estado. Ele argumentou que um golpe envolve planejamento de longo prazo, apoio da imprensa, empresários, religiosos, do parlamento e de outros países. Ele afirmou que a ideia de um golpe foi descartada logo de cara.

O ex-presidente também negou ter pedido apoio a Freire Gomes, então comandante do Exército, para um golpe, e afirmou que, para realizar um golpe, seria necessário trocar o ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas. Bolsonaro alegou que estão construindo uma narrativa contra ele, surpreendendo-o com a não reeleição e as providências tomadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Bolsonaro afirmou não se arrepender de não ter reconhecido firmemente o resultado das urnas em 2022, justificando que tinha questionamentos e que jamais passaria a faixa presidencial para Lula, mesmo que não tivesse dúvidas. Ele também disse não se arrepender de ter discutido alternativas que o levam a ser julgado pela trama golpista, alegando que é uma história contada por parte da Polícia Federal ligada a Alexandre de Moraes.

Questionado sobre apoiar um projeto de anistia que não o contemplasse, Bolsonaro afirmou que, desde o início, não quis saber de anistia envolvendo seu nome, pois não imaginava ser incluído no processo do 8 de janeiro, já que estava nos Estados Unidos. Ele defendeu que a anistia deve ser coletiva, não individual.

Bolsonaro expressou temor de que uma eventual prisão representasse o fim de sua vida e carreira política, considerando-a completamente injusta e sem provas de crime ou tentativa de golpe. Ele negou cogitar se juntar a Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos ou pedir asilo político, afirmando estar bem no Brasil e querer o bem de seu país.

Em resumo, a Entrevista Jair Bolsonaro ao vivo revela as perspectivas do ex-presidente sobre as acusações de golpe, suas interações com militares e suas reflexões sobre o processo eleitoral de 2022. As declarações trazem à tona discussões importantes sobre os limites da atuação política e o papel das instituições democráticas no Brasil.

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.