A onda dos cursos de IA do job, que prometem ganhos fáceis com a criação de modelos virtuais para conteúdo adulto, está gerando debates nas redes sociais. Criadores de conteúdo estão usando plataformas como Instagram e TikTok para divulgar essa prática, atraindo muitos interessados com a promessa de dinheiro rápido e sem esforço.
Os cursos de IA do job ensinam a criar e comercializar fotos e vídeos gerados por inteligência artificial em plataformas como OnlyFans, Privacy e Fanvue. No entanto, quem já trabalha com isso afirma que o retorno financeiro não é tão simples como os cursos prometem. Alguns cursos até incentivam o uso de deepfakes, com a substituição de rostos em vídeos de mulheres reais do Instagram, levantando questões éticas e legais.
Alguns cursos encontrados oferecem conteúdo vago e de curta duração, com preços que variam entre R$ 30 e R$ 48. Guilherme Kupke, conhecido como “Gui do Hot”, oferece o curso “Cafetão digital — do zero ao avançado” por R$ 47,90, prometendo ganhos diários de R$ 100 a R$ 500 com as IAs do job. Porém, o curso não ensina a criar ou editar as modelos virtuais, oferecendo apenas dicas genéricas.
Usuários do site Reclame Aqui expressaram insatisfação com o conteúdo do curso de “Gui do Hot”, alegando que as informações são vagas e não cumprem o que foi prometido. Outro curso, de “Thiago do Hot”, por R$ 39,90, recomenda usar vídeos de mulheres do Instagram para criar “clones” com IA, alterando apenas os rostos, sem mencionar a necessidade de consentimento.
Essa prática de usar imagens de terceiros sem autorização pode violar direitos de imagem, honra e privacidade, alerta Vinicius Padrão, advogado de direito digital da Rennó Penteado Sampaio Advogados. A Cakto, plataforma que hospedava o curso de Thiago, informou que bloqueou a conta por infringir as normas da plataforma, que não permite conteúdo com nudez ou violação de direitos de imagem. A Kirvano, outra plataforma citada, também declarou que não compactua com essas práticas.
O OnlyFans permite conteúdo erótico com modelos de IA, desde que os usuários sejam avisados, mas exige que os perfis sejam de pessoas reais. A plataforma afirma que seus sistemas detectam imagens adulteradas e que tomam medidas contra quem tenta burlar as verificações. Outro curso de IA do job, hospedado na Hotmart, foi removido pela plataforma por violar seus termos de uso.
Elaine Pasdiora e Elisabete Alves, que trabalham com IA do job de forma ética, alertam que as promessas dos cursos podem levar à frustração. Elisabete afirma que o retorno financeiro não é imediato e que muitos estão desistindo. Elaine, por outro lado, destaca o crescimento da procura por criar modelos virtuais para influenciar e vender produtos.
Apesar do hype em torno das IAs do job, o retorno financeiro pode não ser tão alto como prometem os cursos. Elisabete, que mora em Portugal e trabalha com design gráfico e TI, ganha apenas US$ 7 por mês com a assinatura de sua modelo virtual, o que contrasta com as promessas de altos ganhos.
As polêmicas envolvendo cursos de IA do job e o uso de imagens de terceiros sem consentimento reforçam a necessidade de regulamentação e fiscalização nesse mercado. A promessa de dinheiro fácil atrai muitos interessados, mas é preciso estar atento aos riscos legais e éticos envolvidos, além da possibilidade de frustração com os resultados.
Via G1