O prefeito do Recife, João Campos (PSB), planeja usar a presidência nacional do PSB como estratégia nas articulações para as Eleições em Pernambuco 2026. O objetivo é contrapor-se à governadora Raquel Lyra (PSD) nas negociações para a formação de alianças visando o governo estadual.
Campos assumirá a presidência do PSB em maio, sucedendo Carlos Siqueira. A filiação de Raquel Lyra ao PSD é vista como um fortalecimento político para a governadora, aumentando sua competitividade na disputa estadual do próximo ano.
Aliados de João Campos foram informados sobre a estratégia de utilizar a influência nacional do PSB para fortalecer o projeto do partido em Pernambuco. Essa comunicação ocorreu durante as discussões sobre a ascensão do prefeito à presidência do partido.
Além disso, João Campos pretende intensificar sua presença no interior de Pernambuco, buscando ampliar sua popularidade. Ele justifica essa movimentação com o argumento de que, como presidente do PSB nacional, precisa estar presente em todo o estado, sem admitir abertamente uma possível candidatura ao governo.
A nova estratégia terá início em 30 de março, em Afogados da Ingazeira, no sertão do Pajeú, um tradicional reduto eleitoral do PSB desde os tempos de Miguel Arraes e Eduardo Campos, pai de João. A ascensão do prefeito à presidência do PSB mantém a influência da ala pernambucana no comando do partido. O deputado Pedro Campos (PE), irmão de João, será o líder da agremiação na Câmara dos Deputados em 2025.
Três partidos são considerados prioritários para uma possível aliança de João Campos nas Eleições em Pernambuco 2026: PT, MDB e União Brasil. O prefeito já indicou, em conversas com membros dessas legendas, que ainda não há uma decisão sobre sua candidatura ao governo. No entanto, lideranças desses partidos avaliam que uma definição precisa ocorrer até janeiro para não comprometer o planejamento eleitoral.
Caso decida concorrer ao governo, João Campos precisará renunciar ao cargo de prefeito até o início de abril do próximo ano. O PT é visto como um parceiro fundamental para uma eventual coligação liderada por João Campos. Por isso, uma das prioridades do prefeito na presidência do PSB será consolidar a aliança política entre os dois partidos em apoio à reeleição do presidente Lula.
Aliados de João Campos acreditam que, com a aliança PT-PSB em nível nacional, dificilmente Lula apoiaria Raquel Lyra em Pernambuco. Apesar de Raquel Lyra não ter se posicionado sobre as eleições de 2026, aliados não descartam a possibilidade de ela apoiar a reeleição de Lula. Contudo, no cenário atual, essa decisão não faria sentido devido à crise de popularidade do presidente.
Em Pernambuco, a prioridade do PT é a reeleição do senador Humberto Costa. O partido ainda não definiu seu posicionamento entre João Campos e Raquel Lyra, mas mantém uma proximidade com o PSB e participa da gestão da Prefeitura do Recife com dois secretários. Os deputados estaduais do PT, no entanto, costumam votar alinhados ao governo de Raquel Lyra na Assembleia Legislativa.
João Campos também pretende atuar para manter Geraldo Alckmin como vice-presidente na chapa de reeleição de Lula. Essa vaga é disputada por outros partidos, como o MDB. O MDB está mais próximo de João Campos após um período de aliança com Raquel Lyra, mas ainda é alvo de interesse da governadora.
Na presidência do PSB, João Campos poderá envolver outros estados nas negociações em troca de apoio do MDB em Pernambuco, seja com alianças para o governo estadual ou para o Senado. Ao se filiar ao PSD, Raquel Lyra recebeu a promessa de apoio máximo para sua reeleição. Segundo pessoas próximas à governadora, o presidente do partido, Gilberto Kassab, prometeu o teto do fundo eleitoral permitido em 2026.
Outro foco do PSD é a formação de chapas competitivas para deputado federal em Pernambuco. O governo estadual se prepara para utilizar essa estrutura para atrair parlamentares do centrão que são aliados de João Campos e possuem bases eleitorais expressivas.
A possível federação entre PP e União Brasil pode representar um desafio para João Campos, já que os dois partidos têm posições opostas em Pernambuco. Caso a federação se concretize, eles terão que atuar como um único partido por quatro anos. Em Pernambuco, a federação ficaria sob o comando do deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), que pode disputar o Senado na coligação de Raquel Lyra.
O União Brasil é presidido em Pernambuco pelo ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho, que também pretende disputar o Senado em uma eventual chapa de João Campos. O Republicanos é considerado um apoio certo para João Campos em 2026. O partido é liderado em Pernambuco pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que também almeja uma vaga no Senado.
Após a filiação ao PSD, Raquel Lyra tirou duas semanas de férias. Em janeiro e fevereiro, o governo intensificou a entrega de estradas, sistemas de abastecimento de água e programas sociais. As movimentações políticas visando as Eleições em Pernambuco 2026 já estão a todo vapor, com alianças sendo formadas e estratégias sendo definidas.