Plágio de Studio Ghibli gera debate: até onde as plataformas podem copiar conteúdos?

Entenda as preocupações sobre o plágio de Studio Ghibli e o que isso significa para as plataformas de streaming.
03/04/2025 às 12:13 | Atualizado há 4 semanas
Plágio de Studio Ghibli
Especialistas debatem direitos autorais e o futuro da arte com a IA. Leia mais na Forbes Brasil. (Imagem/Reprodução: Forbes)

O uso de inteligência artificial (IA) para replicar estilos artísticos levanta questões importantes sobre direitos autorais e ética. Recentemente, uma ferramenta de geração de imagens do ChatGPT permitiu que usuários transformassem fotos em ilustrações no estilo do Studio Ghibli, reacendendo o debate sobre a apropriação de estilos artísticos por IAs e as implicações legais.

A polêmica em torno do Plágio de Studio Ghibli ganhou destaque após a popularização de ferramentas de IA capazes de imitar o estilo visual do renomado estúdio de animação japonês. Em 2016, Hayao Miyazaki, co-fundador do Studio Ghibli, expressou sua forte oposição à arte gerada por máquinas, considerando-a um “insulto à vida”. No entanto, quase uma década depois, a facilidade de uso do ChatGPT permitiu que muitos usuários criassem imagens no estilo Ghibli, gerando discussões acaloradas sobre direitos autorais e a ética na utilização de IA.

O quadrinista brasileiro Fido Nesti, em entrevista ao Selo de HQs da Companhia das Letras, ressaltou que “o uso não autorizado de IA, como no caso do Studio Ghibli, viola direitos autorais e gera imagens descartáveis”. Ele ainda complementou que esses conteúdos são rapidamente esquecidos nas redes sociais, onde a preocupação com a autoria parece diminuir. Essa declaração ecoa a preocupação de muitos artistas em relação à proteção de seus estilos e obras na era digital.

Paralelamente, um relato de Miyazaki viralizou nas redes sociais, onde o ilustrador mencionou que uma cena de quatro segundos do filme “Vidas ao Vento” levou mais de um ano para ser produzida. Essa dedicação e minúcia contrastam com a rapidez e facilidade com que a IA pode replicar estilos artísticos, levantando questionamentos sobre o valor do trabalho artístico e a importância do esforço humano na criação.

A popularização da trend fez com que o ChatGPT atingisse um milhão de usuários em apenas uma hora, conforme relatado pelo CEO Sam Altman. Dados da SensorTower, obtidos pela Reuters, indicam que a receita de assinaturas e downloads do aplicativo alcançou um recorde histórico, mostrando o impacto da IA na geração de conteúdo e a crescente demanda por ferramentas que facilitam a criação de imagens.

Para além das questões éticas, Alexander Coelho, especialista em direito digital, enfatiza que “estamos vivendo um momento de transição, em que a tecnologia está avançando muito mais rápido do que a legislação consegue acompanhar”. Ele recomenda que os usuários leiam atentamente os termos de uso das plataformas, pois, mesmo sem intenção, podem estar se expondo a riscos jurídicos ou contribuindo para práticas questionáveis.

Vanderlei Garcia Jr, especialista em propriedade intelectual, alerta sobre os riscos de ceder direitos sobre o uso de imagem ao disponibilizar fotos para as ferramentas de IA. Bruno D’Angelo, CEO da WIP, aconselha o registro de conteúdos como forma de mitigar o plágio por plataformas de IA, enfatizando a importância da regulamentação para proteger os criadores.

Apesar das controvérsias, a artista brasileira Vanessa Rosa utiliza a inteligência artificial como ferramenta de trabalho, com diretrizes estabelecidas e respeito aos direitos autorais. Rosa destaca que as noções tradicionais de autoria e copyright podem não fazer sentido no contexto da IA, trazendo uma nova perspectiva sobre a interseção entre tecnologia e arte.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.