Projeto chinês acelera testes de chip cerebral em humanos após sucesso inicial

O projeto chinês de chip cerebral inicia testes em humanos após sucesso inicial, prometendo inovações na área de neurotecnologia.
31/03/2025 às 11:26 | Atualizado há 4 semanas
Chip cerebral em humanos
Beinao No.1: potencial para ser o chip cerebral testado em mais pacientes no mundo. (Imagem/Reprodução: Forbes)

O desenvolvimento de chip cerebral em humanos avança com o objetivo de proporcionar melhor qualidade de vida e novas possibilidades para pacientes com paralisia. Um projeto sino-chinês busca acelerar os testes em humanos ainda este ano, visando ultrapassar os resultados já obtidos pela Neuralink, empresa de Elon Musk. Essa iniciativa representa um marco significativo na corrida pela inovação em interfaces cérebro-computador (BCI).

O Chinese Institute for Brain Research (CIBR) e a NeuCyber NeuroTech, ambas sediadas em Pequim, implantaram o Beinao No.1, um chip cerebral sem fio semi-invasivo, em três pacientes no último mês. A previsão é que mais dez pacientes recebam o implante ainda este ano, conforme informações de Luo Minmin, diretor do CIBR e cientista-chefe da NeuCyber.

A ambição da NeuCyber, de propriedade estatal, é expandir ainda mais esses testes. Luo Minmin declarou que, após a aprovação regulatória esperada para o próximo ano, a empresa pretende iniciar testes clínicos formais com um grupo de 50 pacientes. Durante o Fórum Zhongguancun, em Pequim, o cientista não forneceu detalhes sobre o financiamento ou a duração desses testes.

A iniciativa do CIBR e da NeuCyber em acelerar os testes em humanos pode transformar o Beinao No.1 no chip cerebral com o maior número de usuários no mundo. Esse avanço demonstra o esforço da China em alcançar e superar os principais desenvolvedores estrangeiros no setor de chip cerebral em humanos.

Atualmente, a empresa americana Synchron lidera os testes em humanos com dez pacientes (seis nos Estados Unidos e quatro na Austrália). A Neuralink, de Elon Musk, está testando seus implantes em três pessoas. As empresas adotam abordagens diferentes: a Neuralink foca em chips cerebrais sem fio totalmente implantados no cérebro para melhor qualidade de sinal.

Em contrapartida, seus concorrentes, incluindo o projeto chinês, optam por chips semi-invasivos (BCIs) posicionados na superfície do cérebro. Essa escolha pode sacrificar a qualidade do sinal, mas minimiza os riscos de danos ao tecido cerebral e outras complicações pós-operatórias para o paciente que recebe o chip cerebral em humanos.

Vídeos divulgados pela mídia estatal chinesa mostraram pacientes com paralisia utilizando o chip Beinao No.1 para controlar um braço robótico, realizar tarefas como servir um copo de água e até transmitir pensamentos para uma tela de computador. Segundo Luo Minmin, a divulgação dos resultados positivos dos testes gerou inúmeras solicitações de ajuda.

Em 2023, o CIBR e a NeuCyber anunciaram testes bem-sucedidos do Beinao No.2, um chip invasivo, em um macaco que conseguiu controlar um braço robótico. Atualmente, desenvolvem uma versão sem fio do Beinao No.2, similar ao produto da Neuralink, com previsão de testes em humanos em 12 a 18 meses.

Recentemente, a Synchron firmou parceria com a Nvidia para integrar a plataforma de IA da fabricante de chips aos sistemas de BCI da empresa. Luo Minmin informou que o CIBR e a NeuCyber estão em negociações com investidores e buscam financiamento. No entanto, as empresas interessadas em colaborar com o Beinao devem ter uma visão de futuro e não priorizar lucros rápidos.

Luo Minmin ressaltou que o Beinao não possui vínculos com os militares chineses e está focado em auxiliar pacientes com diferentes tipos de paralisia. A NeuCyber pertence à Zhongguancun Development Corporation, que registrou uma receita de 9 bilhões de yuans (US$1,24 bilhão) em 2023, de acordo com dados corporativos chineses.

O avanço do projeto sino-chinês em chip cerebral em humanos representa um passo significativo no desenvolvimento de tecnologias que podem melhorar a qualidade de vida de pessoas com paralisia. A competição com empresas como Neuralink e Synchron impulsiona a inovação e a busca por soluções mais seguras e eficazes.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.