Seguradoras diante das mudanças climáticas em 2024

Descubra como as seguradoras reagem às perdas bilionárias causadas por desastres naturais.
03/09/2025 às 13:29 | Atualizado há 3 meses
               
Seguradoras e mudanças climáticas
Seguradoras enfrentam desafios após desastres naturais bilionários. (Imagem/Reprodução: Exame)

As seguradoras enfrentam um cenário desafiador em 2024, com perdas globais de R$ 1,9 trilhão devido a eventos climáticos extremos. No Brasil, as perdas ultrapassam R$ 32,8 bilhões, com destaque para enchentes no Rio Grande do Sul. Embora os sinistros sejam significativos, apenas 40% foram cobertos por seguro, evidenciando riscos altos para a população.

Os dados do setor de seguros mostram um crescimento de 12% na arrecadação, alcançando R$ 751,3 bilhões. No entanto, o aumento das indenizações para R$ 504 bilhões pressiona as seguradoras a adaptarem suas estratégias. O presidente da CNSeg alerta que as metodologias atuais de avaliação de riscos precisam de revisão diante das novas realidades climáticas e da baixa penetração de seguros no país.

Diversas seguradoras estão adotando novas estratégias para mitigar riscos climáticos. A Allianz, por exemplo, utiliza dados climáticos avançados, enquanto a Prudential foca em seguros para doenças tropicais. Com o aumento das demandas, as seguradoras devem ajustar suas operações para continuar a apoiar a resiliência econômica e social frente aos riscos climáticos crescentes.

As Seguradoras e mudanças climáticas enfrentam um cenário desafiador em 2024, ano que registrou perdas globais de R$ 1,9 trilhão devido a eventos climáticos extremos, segundo estudo da consultoria Aon. No Brasil, esses prejuízos ultrapassam R$ 32,8 bilhões, com 1.690 ocorrências naturais registradas no país. As enchentes no Rio Grande do Sul destacam-se pelos impactos sociais e econômicos, com custos próximos a R$ 100 bilhões e alta demanda por indenizações, que já alcança R$ 6 bilhões.

Apesar do volume significativo de sinistros no Brasil e no mundo, apenas 40% das perdas provocadas por desastres naturais contaram com cobertura por meio de seguros em 2024. Segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), a exposição limitada do mercado de seguros expõe a população e a economia a riscos altos, enquanto o setor tenta se adaptar a essas novas realidades climáticas.

Em um contexto onde eventos extremos tendem a aumentar em frequência e intensidade, o volume arrecadado pelo setor de seguros no Brasil chegou a R$ 751,3 bilhões em 2024, um crescimento de 12% em relação a 2023. Porém, o aumento de indenizações, que bateu a casa dos R$ 504 bilhões, coloca pressão sobre as seguradoras para revisar estratégias e modelos de análise de risco tradicionais, que agora possuem menor eficácia diante da instabilidade climática atual.

Dyogo Oliveira, presidente da CNSeg, alerta que a avaliação de riscos baseada em dados históricos perde relevância na prática. Ele destaca que as alterações rápidas e imprevisíveis no clima exigem novas metodologias para precificação de produtos e para garantir a estabilidade do setor. Outro ponto preocupante é a baixa penetração de seguros no país, com apenas 30% da frota de automóveis protegida e cerca de 25% das residências seguradas. Na agricultura, segmento altamente vulnerável, apenas 7,7% das áreas cultivadas contam com seguro rural, limitando a capacidade de resposta diante de secas, geadas e enchentes.

Embora não exista um “seguro climático” isolado, as coberturas para riscos relacionados ao clima estão incorporadas em diversas apólices, especialmente agrícolas, automotivas e patrimoniais. A CNSeg planeja lançar um mecanismo para avaliar riscos de inundação em diversas regiões e cenários, passo que visa facilitar a criação de produtos adaptados às mudanças climáticas específicas de cada localidade.

Especialistas destacam que a adaptação das infraestruturas do setor privado é vital, já que riscos que antes eram esporádicos tornam-se recorrentes. Integração de cenários climáticos instáveis nas estratégias de negócios ajuda a reduzir impactos e custos governamentais. No Brasil, as mudanças no padrão de chuvas provocam secas e enchentes, afetando a economia baseada no agronegócio, cuja vulnerabilidade compromete o desempenho de seguradoras rurais.

Estudos indicam que o aumento da temperatura no país pode ficar entre 4ºC e 4,5ºC neste século, enquanto o nível do mar pode subir 1,5 metro, afetando áreas costeiras, portos e aeroportos, ampliando o risco associado a seguros patrimoniais. Doenças tropicais, influenciadas pela mudança climática, impactam seguradoras de saúde e vida. Dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro indicam mais de 48 mil mortes atribuídas a ondas de calor entre 2000 e 2018, que intensificam doenças cardiorrespiratórias e renais. Assim, há consenso na necessidade de ações integradas para mitigar e adaptar-se a esses desafios.

Entre as seguradoras, algumas estratégias vêm sendo desenvolvidas. A Allianz trabalha com recursos para adaptação do setor privado, utiliza dados climáticos avançados para modelar riscos e oferece investimentos na transição para energias renováveis. A Mapfre busca incorporar dados históricos climáticos para aprimorar análise de riscos, especialmente rurais, e integra tecnologias como drones para controle. A Prudential criou linhas de seguros para doenças tropicais relacionadas a mudanças climáticas e monitora cenários para ajustar precificação.

A Zurich lançou a unidade Zurich Resilience Solutions, que usa bases de dados e projeções para mapear riscos e planejar prevenção. A Porto aposta em estratégia ESG que busca integrar cadeia de valor e oferece diversas coberturas para riscos climáticos, além de utilizar inteligência climática para alertas preventivos. A Tokio Marine expandiu produtos voltados à sustentabilidade, incluindo coberturas para renováveis e veículos elétricos, além de promover práticas para agilizar indenizações. A Bradesco Seguros também intensifica sua atuação com foco em inovação e ampliou expressivamente suas operações de seguros empresariais e residenciais em 2024.

O aumento das demandas por coberturas e o crescente volume de sinistros evidenciam a necessidade de as empresas de seguros e o setor privado ajustarem suas operações frente a um cenário de mudanças climáticas aceleradas. A atuação efetiva das seguradoras será peça chave para apoiar a resiliência econômica e social em um contexto de riscos climáticos crescente.

Via Exame

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.