A TV Globo 60 anos celebra em meio a mudanças no cenário da comunicação. A emissora, que completa seis décadas, enfrenta a concorrência do streaming e a disputa pela atenção do público com as redes sociais. Mesmo assim, mantém uma posição de destaque no mercado brasileiro, alcançando milhões de pessoas diariamente. Amauri Soares, diretor-executivo, discute os desafios e o futuro da emissora.
A TV Globo, ao comemorar 60 anos, busca se modernizar sem perder sua essência. Com a chegada da TV 3.0, a emissora pretende personalizar a experiência do telespectador. A ideia é unir a capacidade de falar com todos, característica da TV aberta, com a personalização típica das redes sociais. Soares define essa estratégia como “anti-algoritmo”. A Globo quer continuar sendo um espaço de encontro coletivo, abordando temas relevantes para toda a sociedade.
Um dos maiores desafios da TV Globo é representar a diversidade do Brasil. Para isso, a emissora investe na diversidade em suas equipes de criação e conta com uma rede de 120 afiliadas regionais. Essa rede permite capturar diferentes culturas e perspectivas, refletindo a complexidade do país em seus conteúdos. A Globo se considera um termômetro do Brasil, buscando representar a sociedade na tela e, com isso, contribuir para sua transformação.
A diversidade na tela também é uma prioridade. As protagonistas das três novelas atuais são mulheres negras, marcando uma mudança recente na emissora. Soares afirma que a diversidade é um processo contínuo. A representatividade não se limita ao elenco, estendendo-se também aos profissionais por trás das câmeras. A Globo busca normalizar novas realidades, mostrando diferentes histórias e personagens, incentivando o respeito e a tolerância.
A TV 3.0 é uma aposta da emissora para o futuro. Essa tecnologia permitirá a personalização de conteúdos, como escolher o áudio da torcida em um jogo de futebol ou comprar produtos durante um programa. Para a publicidade, a TV 3.0 possibilita anúncios direcionados. Segundo Soares, o mercado publicitário já está familiarizado com esse modelo devido às redes sociais. A Globo já realiza publicidade dirigida no Globoplay e planeja estender essa prática para a TV aberta.
A emissora também enfrenta o desafio de medir a audiência em um cenário multiplataforma. Com o consumo de conteúdo em redes sociais e plataformas de streaming, a medição tradicional, baseada no sinal de antena, se torna insuficiente. A Globo realiza testes para medir a audiência cross platform, buscando dados confiáveis que reflitam o alcance real de seus conteúdos.
A relação com influencers também é um tema relevante. A Globo reconhece a importância desses novos atores no mercado de mídia. No entanto, Soares destaca que influencers não substituem atores profissionais, especialmente na dramaturgia. A emissora valoriza a formação e a técnica dos artistas, considerando-as essenciais para a qualidade de suas produções.
A escolha da próxima novela da Globo envolve diversos fatores. O perfil do horário de exibição, as histórias recentes, a inovação, o potencial de engajamento e a representação da sociedade são alguns dos critérios considerados. Duas sinopses costumam disputar a vaga, e a mais adequada para o momento é selecionada.
Sobre a novela “Vale Tudo”, Soares avalia positivamente as primeiras semanas, com crescimento de audiência em todas as praças. O diretor destaca a atualização da história, mantendo as intenções originais dos autores, e a realização visual contemporânea. A Globo também busca entender as particularidades do mercado de São Paulo, que, segundo ele, sempre teve interesses específicos.
A Globo adotou o modelo de contratação de artistas por obra. Essa mudança trouxe vantagens em termos de custos e flexibilidade para os artistas. Anteriormente, os contratos de longo prazo com exclusividade geravam custos elevados para a emissora. Hoje, a Globo utiliza diferentes modelos de contratação, adequando-se às necessidades de cada projeto e profissional.
Quanto ao futuro da TV aberta, Soares acredita em sua capacidade de adaptação. A TV 3.0 representa uma nova etapa, com a possibilidade de personalização aliada ao alcance da TV aberta. O futuro da Globo está na combinação de inovação tecnológica com a preservação de sua vocação de comunicar com a sociedade, contando histórias brasileiras e promovendo a diversidade.
Via Exame