Estudo alerta: desastres climáticos no RS podem se tornar cinco vezes mais frequentes

Pesquisa revela que eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul podem se tornar cinco vezes mais comuns nos próximos anos. Saiba mais.
02/05/2025 às 10:33 | Atualizado há 1 mês
Enchentes no Rio Grande do Sul
Vazões de rios gaúchos crescerão 20%, mas cidades não se preparam para emergência climática. (Imagem/Reprodução: Exame)

Um ano após a devastadora catástrofe climática no Rio Grande do Sul, um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) alerta: eventos similares podem se tornar cinco vezes mais frequentes. A pesquisa “As Enchentes no Rio Grande do Sul: lições, desafios e caminhos para um futuro resiliente” projeta cenários preocupantes para as cheias na região. O estudo indica a necessidade urgente de adaptação e investimentos em infraestrutura.

A ANA revela que eventos extremos, antes esperados a cada 50 anos, agora devem ocorrer a cada década, com maior intensidade. As vazões dos rios gaúchos podem aumentar em 20% sobre os níveis máximos atuais. Isso coloca o Rio Grande do Sul como a área do Brasil com maior risco de enchentes mais severas e frequentes. Este cenário é resultado das mudanças climáticas e da vulnerabilidade das bacias hidrográficas do estado.

Cidades como Porto Alegre, Guaíba, Eldorado do Sul, Pelotas e Rio Grande enfrentarão níveis de água até um metro acima do limite de proteção atual. Em regiões serranas, rios como Taquari e Jacuí podem subir até três metros além do limite, exigindo o redimensionamento de diques, comportas e barragens. O relatório da ANA enfatiza a urgência em reavaliar os parâmetros de obras hidráulicas e sistemas de alerta.

Apesar da urgência, a burocracia atrasa as obras de proteção. O edital para atualizar o projeto de proteção contra cheias em Eldorado do Sul, orçado em R$ 531 milhões, foi publicado recentemente. A conclusão dos projetos e estudos ambientais deve levar mais de seis meses, deixando a população vulnerável por mais dois ciclos de chuvas intensas.

A questão habitacional também é crítica. Milhares de moradias foram destruídas ou danificadas pelas chuvas de 2024. Muitas famílias ainda vivem em abrigos temporários ou com parentes, um ano após o desastre. Das quase 500 cidades gaúchas, 478 foram afetadas, impactando 2,4 milhões de pessoas. Houve 183 mortes, 27 desaparecidos, 806 feridos e mais de 15 mil casos de leptospirose. Os prejuízos econômicos, incluindo perdas agrícolas e danos à infraestrutura, chegam a bilhões de reais.

A ANA defende medidas urgentes, como reassentamento de comunidades, mapeamento de vulnerabilidades e implementação de infraestrutura. Sistemas de drenagem, barragens, pontes, estradas e sistemas de água e energia precisam ser reavaliados. O estudo destaca a importância da pesquisa acadêmica local na gestão de crises e a necessidade de investimentos em monitoramento e modelagem. A tragédia de 2024 serve como alerta para o futuro climático do Rio Grande do Sul, um futuro que já começou. As enchentes no Rio Grande do Sul exigem ações imediatas e eficazes para mitigar seus impactos.

Via Exame

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Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.