Sam Altman, CEO da OpenAI, surpreendeu muitos ao se posicionar estrategicamente durante a posse do presidente americano Donald Trump. Enquanto outros magnatas da tecnologia, como Elon Musk e Mark Zuckerberg, desfrutavam de posições privilegiadas, Altman foi relegado a um local menos visível. Essa aparente desvantagem, porém, logo se mostrou uma estratégia calculada. Dias antes da posse, Altman telefonou para Trump, preparando o terreno para um anúncio que o colocaria em destaque na nova administração.
Em uma conversa de 25 minutos, Altman soube explorar o apreço de Trump por grandes feitos. Ele previu que a inteligência artificial geral – o momento em que a tecnologia iguala a inteligência humana – seria alcançada durante a administração Trump. Para isso, a OpenAI, em parceria com a Oracle e SoftBank, fechou um acordo de US$ 100 bilhões para construir centros de dados nos EUA, uma iniciativa crucial para superar a concorrência chinesa. No dia seguinte à posse, Sam Altman conquistou Trump ao participar do anúncio desse acordo, chamado Stargate, apresentado pelo próprio Trump como o “maior projeto de infraestrutura de IA da história”.
A estratégia de Altman contrastava com a influência já estabelecida de Musk, que havia investido mais de US$ 250 milhões na campanha de Trump. A relação próxima de Musk com a nova administração, combinada com o passado de Altman como doador democrata e crítico de Trump, poderia ter prejudicado suas chances. A rivalidade entre Altman e Musk, inclusive disputas judiciais pelo controle da OpenAI e a criação da XAI por Musk, tornavam a situação ainda mais complexa. Apesar desses obstáculos, Altman conseguiu não apenas superar Musk, mas também posicionar a OpenAI no centro da agenda de IA da administração Trump.
Sua estratégia incluiu contatos estratégicos. Altman cultivou relações com Doug Burgum, então governador de Dakota do Norte e, posteriormente, secretário do Interior de Trump. Ele também se aproximou de Larry Ellison (Oracle) e Masayoshi Son (SoftBank), aliados importantes de Trump. Durante a administração Biden, Altman já havia se estabelecido como uma figura presente em Washington, participando de discussões sobre regulamentação de IA com funcionários da Casa Branca e legisladores. Mesmo com doações para campanhas democratas, ele também manteve contato com republicanos. Um encontro entre executivos da OpenAI e Trump em Las Vegas, antes da eleição, reforça a estratégia de atuação em múltiplas frentes. Na ocasião, a OpenAI apresentou o gerador de vídeo Sora, ressaltando a necessidade de grandes centros de dados e infraestrutura para o desenvolvimento da IA.
O projeto Stargate, porém, enfrentou desafios antes da eleição. A busca por investimentos de US$ 100 bilhões exigiu negociações com SoftBank e Son. Após um acordo de US$ 10 bilhões com a Oracle, e com a aprovação da Microsoft a uma exceção no contrato exclusivo com a OpenAI, a empresa buscou aportes mais significativos, mesmo com preocupações da administração Biden sobre investimentos do Oriente Médio. A eleição de Trump mudou a perspectiva, e o financiamento foi garantido com a participação da SoftBank, Oracle, OpenAI e MGX, uma empresa de investimentos dos Emirados Árabes Unidos.
Apesar de rivais como Musk e Zuckerberg terem se encontrado com Trump na Flórida, Altman conseguiu uma ligação crucial com o presidente eleito, facilitada por um contato em comum. No dia seguinte à posse, a equipe do Stargate enfrentou contratempos, incluindo problemas técnicos na Casa Branca e até esquecimento de documentos. Apesar disso, o anúncio oficial aconteceu na Sala Roosevelt, com Trump elogiando Altman e o projeto. Musk, por sua vez, criticou o acordo no X. A resposta da Casa Branca, defendendo o acordo e o investimento, demonstrou que Sam Altman conquistou Trump em um cenário político complexo.
Via InfoMoney