Erva-mate regenerativa do Brasil, Paraguai e Argentina conquista mercado nos EUA

A erva-mate regenerativa produzida no Brasil, Paraguai e Argentina ganha espaço no mercado norte-americano. Saiba mais sobre essa expansão.
12/05/2025 às 05:17 | Atualizado há 2 meses
Erva-mate regenerativa
Yerba Madre apoia 250 famílias indígenas e locais em 42 propriedades e 4 terras indígenas. (Imagem/Reprodução: Forbes)

A erva-mate regenerativa cultivada no Brasil, Paraguai e Argentina está ganhando espaço no mercado dos EUA, impulsionada por uma cadeia de suprimentos independente criada pela Yerba Madre (anteriormente Guayakí). Há 30 anos, a empresa tem se dedicado a práticas de agricultura regenerativa orgânica, muito antes da certificação existir, tornando-se pioneira no setor.

A Yerba Madre, sediada na Califórnia, utiliza a erva-mate para promover o reflorestamento e a regeneração da Mata Atlântica, ao mesmo tempo que melhora o bem-estar dos agricultores. A empresa introduziu a bebida herbal sul-americana no mercado estadunidense. Em seus primeiros anos, a Guayakí dependia de parceiros individuais, como a tribo paraguaia Aché Kue Tuvy, para o fornecimento da erva-mate.

No entanto, a crescente demanda exigiu uma expansão da rede de fornecedores. Com poucas opções de erva-mate cultivada à sombra disponíveis, a empresa construiu uma rede de agricultores e colaborou com tribos indígenas para estabelecer plantações regenerativas. Ben Mand, CEO da Yerba Madre, destaca que esses projetos são de longo prazo, levando cerca de cinco anos para a primeira colheita e ainda mais tempo para uma fazenda se tornar totalmente cultivada à sombra.

Atualmente, a Yerba Madre trabalha com mais de 250 famílias de povos indígenas e comunidades locais em 42 propriedades e quatro terras indígenas na Argentina, Brasil e Paraguai. Muitas dessas propriedades estão localizadas na província de Misiones, Argentina, conhecida como “Corredor Verde”.

A transição para a agricultura regenerativa enfrenta desafios como custo, conhecimento e mercado, conforme aponta Christopher Gergen, CEO da Regenerative Organic Alliance. A Yerba Madre cobre todos os custos agrícolas, garantindo que os agricultores não precisem pagar do próprio bolso. Além disso, a empresa paga pelo menos 25% acima do preço de mercado convencional pela erva-mate, assegurando uma renda digna aos produtores.

Para ajudar os agricultores a adotarem a agricultura regenerativa, a Yerba Madre leva comunidades interessadas para visitar outras propriedades. Este método permite que eles vejam os benefícios de perto. A empresa também auxilia as comunidades a encontrar outras fontes de renda, como a venda de produtos de outras árvores ou o transporte de erva-mate para as fábricas.

Juanita Gonzalez, cacique da tribo indígena Yvytu Pora, na Argentina, sonha em produzir mate. Ela conheceu Fabiana Pose, vice-presidente da Yerba Madre para a América do Sul, e juntas iniciaram o cultivo de erva-mate na comunidade. A Yerba Madre oferece apoio burocrático e financeiro, além de doar computadores e construir um centro comunitário na terra da Yvytu Pora.

A Fazenda Surucua, administrada por José e Sebastián Zamolinsky, iniciou a transição para a agricultura regenerativa há cinco anos. Atualmente, cerca de 50% da plantação é cultivada à sombra, promovendo a biodiversidade. José, da geração mais velha, inicialmente se preocupou com a possibilidade de baixo rendimento, mas logo percebeu os benefícios da sombra na proteção contra secas e granizo.

Hilario Monteiro, cacique da Comunidade Indígena Guarani Tape Mirí, procurava aprender a cultivar erva-mate antes de conhecer a Yerba Madre. Carlos “Colo” Hoff, técnico de produção e agrônomo da Yerba Madre, tem trabalhado de perto com Monteiro para iniciar o cultivo na comunidade.

A iniciativa da Yerba Madre não se limita à produção de erva-mate regenerativa. Ela também reconhece e valoriza a cultura guarani e o trabalho das comunidades indígenas. Ao oferecer condições de trabalho justas e sustentáveis, a empresa promove a preservação dos ecossistemas e a dignidade das populações locais.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.