Na memória de muitos brasileiros, as **lojas de departamento antigas** marcaram época como verdadeiros centros de experiência e descoberta. Nos anos 70 e 80, ir a esses estabelecimentos era um evento familiar, um passeio para admirar novidades e produtos que ditavam tendências. Marcas como Arapuã, Mesbla, Mappin e Jumbo Eletro se destacavam, mas o tempo trouxe mudanças significativas.
Essas gigantes do varejo, que brilharam intensamente, enfrentaram desafios que as levaram a declinar. Desequilíbrios financeiros e dificuldades em acompanhar as transformações do mercado resultaram no fechamento de muitas portas. Algumas, no entanto, ressurgiram no ambiente online, buscando reviver seus legados e reconquistar o público.
A Arapuã, nos anos 70 e 80, destacou-se como uma das maiores redes de varejo do país, com mais de 220 lojas especializadas em eletrodomésticos. Em 1996, mesmo com outras empresas enfrentando crises, a Arapuã alcançou um faturamento bilionário, porém, a alta inadimplência nas vendas a prazo gerou dívidas que ultrapassaram 1 bilhão de reais.
A empresa entrou em concordata em 1998, buscando reestruturar seus negócios, mas não conseguiu se equilibrar economicamente. Após um longo imbróglio judicial, a falência da Arapuã foi decretada em 2020.
A Mesbla, inaugurada em 1912 no Rio de Janeiro, foi líder de mercado por décadas. Nos anos 80, atingiu seu auge com 180 pontos de venda, oferecendo uma variedade de produtos, de eletrodomésticos a roupas de cama. Em 1986, foi eleita a empresa do ano pela EXAME.
No início dos anos 90, a popularização de varejistas especializadas e a chegada dos shopping centers intensificaram a crise. Em 1995, a Mesbla entrou em concordata, acumulando dívidas de 930 milhões de reais. Após ser vendida em 1997, faliu em 1999. Em 2022, foi relançada como um marketplace na internet.
A Mappin, fundada em São Paulo em 1913, tornou-se referência no varejo brasileiro, inovando com vitrines de vidro. Nos anos 40, a loja passou a vender produtos nacionais e oferecer crediário, popularizando-se entre os consumidores. Nos anos 80, ultrapassou a Mesbla em vendas, sendo reconhecida como uma das principais empresas de varejo da década.
No entanto, a Mappin também enfrentou problemas financeiros. Em 1996, foi vendida para Ricardo Mansur, que tentou transformar o negócio em franquia, sem sucesso. A empresa faliu em 1999. Em 2010, a Rede Marabraz adquiriu os direitos da marca, lançando um e-commerce que opera até hoje.
A Ultralar surgiu em 1956, como parte da Ultragás, inicialmente para promover a venda de fogões a gás. Expandiu sua atuação, listada na Bolsa de Valores, e em 1974 inaugurou o Ultracenter Ultralar, um hipermercado vendido posteriormente ao Carrefour.
Na década de 1990, o Grupo Ultra vendeu a Ultralar, que passou por diferentes proprietários e, diante da crescente concorrência, encerrou suas atividades em 2000, com seus pontos de venda sendo adquiridos pela Casas Bahia.
A Eletroradiobraz, fundada nos anos 40 em São Paulo, começou como oficina de rádios e eletrodomésticos. Abriu uma loja de departamentos de sete andares e, em 1971, inaugurou um hipermercado. Em 1976, vendeu suas operações para o Grupo Pão de Açúcar, transformando os supermercados em Pão de Açúcar e os hipermercados em Jumbo Eletro, que mais tarde se tornou Extra. Em 2021, o Extra foi vendido para o Assaí.
As **lojas de departamento antigas** marcaram uma era no varejo brasileiro, oferecendo experiências de compra que se tornaram memórias afetivas para muitas famílias. Apesar dos desafios e transformações do mercado, algumas marcas conseguiram se reinventar no ambiente digital, buscando manter vivo o legado de suas histórias.
Via Exame