A presidência da COP30 surpreendeu ao anunciar a nomeação de 30 Enviados especiais COP30. Essa estratégia tem como objetivo intensificar o envolvimento de diversos setores da sociedade e regiões do mundo, visando garantir o sucesso da Conferência. Essa iniciativa se alinha com o conceito de “mutirão global pelo clima”, uma ideia proposta pelo embaixador André Corrêa do Lago, atual presidente da COP30.
Esses enviados atuarão como verdadeiros canais, facilitando o fluxo de informações e percepções de suas áreas. Segundo Corrêa do Lago, eles serão “caixas de ressonância de setores e de geografias”. A escolha estratégica visa garantir uma representação ampla e eficaz na busca por soluções climáticas.
Os 30 enviados são divididos em dois grupos distintos. Dez deles focam em regiões estratégicas, sendo oito estrangeiros e dois brasileiros. Os outros 20 se concentram em setores-chave, todos eles brasileiros. Essa divisão busca equilibrar a representatividade global com o conhecimento específico das questões nacionais.
No grupo regional, a diversidade de gênero é notável, com sete homens e três mulheres. Já no grupo setorial, a divisão é paritária, com 10 homens e 10 mulheres. Essa distribuição igualitária reflete um compromisso com a igualdade de gênero nas discussões climáticas.
Entre os nomes de destaque, encontramos Jacinda Ardern, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, conhecida por suas políticas progressistas e compromisso com o meio ambiente. Ardern será a enviada especial para a Oceania, trazendo sua experiência e liderança para a região.
Laurence Tubiana, economista francesa e figura central na arquitetura do Acordo de Paris, representará a Europa. Sua expertise será valiosa para impulsionar a agenda climática no continente europeu. O diplomata chinês Xie Zhenhua, peça-chave nas negociações climáticas globais, será o enviado para o Leste Asiático, um elo importante nas relações EUA-China.
Patricia Espinosa, que liderou a UNFCCC de 2016 a 2022, será a porta-voz para a América Latina, região crucial para o futuro do clima. Os únicos brasileiros no grupo regional são Denis Minev, CEO da varejista Bemol, representando o setor privado amazônico, e Joaquim Belo, líder extrativista, representando a sociedade civil amazônica.
Sinéia do Vale, líder indígena Wapichana e gestora ambiental, é um símbolo da representatividade essencial para o estado anfitrião. Ela é a única indígena entre os 30 nomes, representando os povos indígenas e comunidades quilombolas do Pará. Como copresidente do Caucus Indígena da UNFCCC, ela trará a perspectiva das comunidades tradicionais.
Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional Brasil, representará o setor de igualdade racial e periferias. Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica, atuará como enviada para o setor de energia, trazendo sua experiência como vice-chair do Global Wind Energy Council. Marcelo Behar, Senior Advisor do WBCSD, será o enviado especial para o setor de bioeconomia.
Essa estratégia de designar Enviados especiais COP30 complementa outras ações da presidência brasileira. João Paulo Capobianco, do Ministério do Meio Ambiente, destacou a importância da “diplomacia das NDCs“. A expectativa é que os países apresentem novos compromissos, mais ambiciosos que os anteriores.
Enquanto os enviados atuam como intermediários, Dan Ioschpe, Climate Champion do Brasil, tem a missão de articular o diálogo entre o empresariado, sociedade civil, governo e organismos internacionais. A COP30 será realizada em Belém, Pará, de 10 a 21 de novembro de 2025, coincidindo com o período do “global stocktake“.
A nomeação dos Enviados especiais COP30 representa uma estratégia para ampliar o alcance e a influência da conferência, buscando um “mutirão global pelo clima”. A iniciativa visa garantir que a COP30 seja um marco nas implementações das decisões climáticas internacionais.
Via Exame