Trump negocia fim da guerra na Ucrânia em conversa com Putin

Trump negocia fim da guerra na Ucrânia em conversa com Putin. Saiba mais sobre essa iniciativa polêmica e as reações da Ucrânia e da OTAN.
13/02/2025 às 13:23 | Atualizado há 4 meses
Trump negocia fim da guerra
Trump negocia fim da guerra

Donald Trump anunciou, na quarta-feira (12), o início das negociações para o fim da guerra na Ucrânia com Vladimir Putin. A declaração surgiu após uma conversa telefônica entre os dois líderes, sinalizando uma mudança significativa na relação entre EUA e Rússia. A postura americana contrasta com a do chefe do Pentágono, Pete Hegseth, que horas antes classificou como “irrealista” a meta de restaurar as fronteiras pré-guerra.

Trump concordou com Hegseth, afirmando ser “improvável” a volta das fronteiras de 2014. Em sua rede social, Trump declarou que ele e Putin “concordaram em trabalhar juntos”, expressando otimismo e prometendo que “mais nenhuma vida deveria ser desperdiçada”. Um encontro pessoal entre os presidentes foi proposto, com Putin estendendo um convite a Trump para visitar Moscou, embora a data ainda não esteja definida.

A ligação de 90 minutos representou o primeiro contato direto entre os líderes desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022. Curiosamente, a conversa ocorreu antes de Trump falar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e antes de qualquer consulta a aliados europeus. Essa sequência de eventos sugere uma abordagem unilateral da Casa Branca nesse processo de negociação.

Trump negocia fim da guerra, buscando, segundo suas palavras, “parar as milhões de mortes”. Ele declarou que as equipes de ambos os países iniciariam negociações imediatas e que informaria Zelensky sobre a conversa. Essa iniciativa gerou preocupações na Ucrânia, que via na aliança com a OTAN e a recuperação das fronteiras de 2014 esperanças de resolução do conflito.

Na cúpula da OTAN em Bruxelas, Hegseth foi enfático ao afirmar que não haverá tropas americanas na Ucrânia. A Europa, segundo ele, deve arcar com a maior parte do auxílio, tanto letal quanto não-letal. Hegseth defendeu uma “paz duradoura”, mas deixou a responsabilidade pela segurança do acordo com a Europa. O Artigo 5 da OTAN, que trata de defesa mútua, não se aplicaria a essa situação.

Diplomatas europeus tentaram sem sucesso incluir a Europa nas negociações, argumentando que o estado pós-conflito na Ucrânia é crucial para a segurança europeia. A expectativa é que os europeus financiem sozinhos qualquer acordo com a Rússia, incluindo o fornecimento de armas e tropas de paz.

A Rússia, por sua vez, mantém uma posição inflexível. Moscou exige que a OTAN reverta sua expansão pós-Guerra Fria no Leste Europeu e que a Ucrânia reconheça a anexação de quatro regiões do sul e leste do país – regiões que a Rússia não controla totalmente.

O Kremlin divulgou uma versão mais contida da conversa telefônica, indicando que a Rússia não pretende flexibilizar suas exigências. Dmitri Peskov, porta-voz de Putin, afirmou que é “hora de trabalhar juntos” em uma “solução de longo prazo”, mas salientou a necessidade de “resolver as causas do conflito”. Peskov confirmou o convite de Putin a Trump para visitar Moscou e a disposição para discutir “questões de interesse mútuo”, incluindo cooperação econômica e o programa nuclear iraniano.

Peskov rejeitou a proposta de Zelenski, divulgada pelo jornal britânico *The Guardian*, de uma troca de territórios. Zelenski sugeriu que a Ucrânia cederia áreas ocupadas por suas tropas na região russa de Kursk em troca das províncias ocupadas pela Rússia no leste e sudeste do país. Peskov enfatizou que a Rússia “nunca discutiu e nunca discutirá a troca de seu território”.

A escolha dos negociadores americanos também gerou preocupação na Ucrânia. Trump anunciou Marco Rubio, John Ratcliffe, Mike Waltz e Steve Witkoff como seus representantes, omitindo Keith Kellogg, enviado para a Ucrânia. A conversa entre Trump e Zelensky durou apenas uma hora, bem menos que a conversa com Putin.

Zelensky, em comunicado, descreveu a conversa com Trump como “longa” e afirmou que discutiram “capacidades tecnológicas”, incluindo drones. Uma autoridade ucraniana relatou que Zelensky atualizou Trump sobre a situação no campo de batalha e o envio de tropas norte-coreanas para lutar ao lado das forças russas na região de Kursk. Trump, em sua rede social, declarou que a conversa com Zelensky “foi muito boa”.

A Ucrânia enfrenta dificuldades na linha de frente e incertezas sobre a continuidade da ajuda americana com a volta de Trump à Casa Branca. Os republicanos, que controlam o Congresso, demonstram resistência ao financiamento da resistência ucraniana.

Apesar dessas tensões, nos últimos dias, sinais de negociação emergiram dos três países envolvidos. O fim da guerra foi uma promessa de campanha de Trump, que inicialmente previu a resolução do conflito no primeiro dia de sua posse e, posteriormente, em 100 dias.

Zelensky se reunirá com o vice-presidente americano, J.D. Vance, em Munique, na Alemanha. Kellogg, encarregado de elaborar uma proposta de paz, visitará Kiev na próxima semana. A única demonstração de entendimento entre EUA e Rússia até o momento foi a troca de presos, com a libertação de um jornalista americano na Rússia em troca de um cidadão russo preso nos EUA.

Via Folha Vitória

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.