A cidade de Belém, no Pará, se prepara para sediar a **COP30**, e um movimento local está inovando para garantir que as discussões climáticas alcancem a todos. O **COP das Baixadas**, formado por 15 organizações de ativismo climático, criou as chamadas Yellow Zones COP30 para descentralizar o debate e envolver as comunidades periféricas na agenda ambiental.
Essas yellow zones complementam as áreas oficiais da conferência, conhecidas como green zone e blue zone, onde ocorrem eventos e negociações formais. A iniciativa busca levar o debate sobre as questões climáticas para dentro das comunidades mais impactadas, assegurando que suas vozes sejam ouvidas e consideradas.
Atualmente, quatro yellow zones já estão em funcionamento em bairros como Jurunas e Vila da Barca. Nesses espaços, são realizadas atividades culturais, cursos e debates com foco na conscientização ambiental, promovendo a participação ativa da população local.
Entre os locais que se destacam nessa iniciativa, estão o centro cultural Gueto Hub e a biblioteca comunitária Barca Literária. Esta última, localizada em uma área vulnerável da Vila da Barca, oferece atividades educativas e funciona como um centro de informação turística, atraindo visitantes interessados na cultura local.
A escolha do nome yellow zones foi inspirada na cor amarela da bandeira do Brasil, que, segundo os organizadores, não estava representada nas zonas oficiais da COP. O objetivo é expandir a iniciativa para até 12 zonas até o evento de novembro, tornando o modelo replicável em outras cidades que sediarão a conferência.
Além das atividades regulares, a programação das yellow zones inclui oficinas, debates científicos com linguagem acessível e a criação de espaços culturais, como o futuro centro A Barca – Cultura Amazônica. Este centro contará com museu, galeria de arte e infraestrutura para cursos e eventos comunitários, visando fortalecer a cultura local e promover a conscientização ambiental. Para viabilizar a construção do centro, foi lançada uma campanha de financiamento coletivo.
O coletivo COP das Baixadas também está envolvido na organização da 20ª Conference of Youth, um evento que reúne jovens ativistas de todo o mundo para discutir perspectivas climáticas. O objetivo é conectar os jovens das periferias de Belém com essa rede global e inserir suas vozes nas negociações da ONU, garantindo que suas preocupações e propostas sejam consideradas.
Apesar da agenda da COP30 ainda estar em definição, o grupo pretende usar as Yellow Zones COP30 para dar visibilidade a temas como o racismo ambiental e os direitos dos rios. A intenção é manter a mobilização ativa mesmo após o encerramento do evento, assegurando que as discussões e ações iniciadas durante a conferência tenham continuidade e gerem impactos positivos a longo prazo.
Via Exame