A Bolsa de Valores do Brasil (B3) sediou o primeiro leilão manejo florestal em um ambiente de bolsa, marcando um momento importante para a gestão ambiental no Brasil. O evento uniu esforços do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A concessão abrange cerca de 80% da Floresta Nacional do Jatuarana, localizada no sul do Amazonas, no município de Apuí.
O modelo de gestão florestal prevê a exploração sustentável por 37 anos, em uma área de 453 mil hectares divididos em quatro lotes distintos. O projeto tem potencial para arrecadar até R$ 32,6 milhões anuais para os cofres públicos. O BNDES estruturou a concessão, implementando um critério de julgamento que considera tanto a pontuação técnica das propostas socioambientais quanto a oferta financeira por metro cúbico de madeira, além do valor fixo da outorga.
Na época do lançamento do edital, a ministra Marina Silva destacou que, além da geração de receita para empresas e comunidades locais, o projeto pode gerar 932 empregos diretos e 466 indiretos. Além disso, o município de Apuí e o estado do Amazonas devem arrecadar, cada um, R$ 5,4 milhões por ano. O edital estabeleceu condições para compatibilizar exploração econômica e preservação ambiental.
As empresas vencedoras terão a obrigação de investir R$ 1,1 milhão por ano em projetos voltados para o desenvolvimento social da comunidade local. A concessão abrange a exploração diversificada de recursos naturais, como madeira em tora, palmito, açaí, castanha-do-pará e óleo de copaíba, sempre em conformidade com práticas de manejo sustentável.
O manejo florestal, definido pelo Ibama como “a administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema”, orienta toda a operação. Na prática, o sistema prevê a extração seletiva de cerca de cinco árvores por hectare, priorizando exemplares mais antigos. A metodologia estabelece um ciclo de recuperação de 30 anos até que a mesma área possa ser novamente manejada, garantindo a regeneração natural e o desenvolvimento das árvores mais jovens.
A concessão está fundamentada na Lei nº 11.284/2006, que regulamenta a Gestão de Florestas Públicas, criando mecanismos para harmonizar conservação ambiental e utilização sustentável dos recursos florestais. A realização do leilão na B3 simboliza uma inovação institucional, buscando ampliar a transparência e competitividade no processo licitatório. Ao integrar mercado financeiro e sustentabilidade ambiental, o modelo abre a possibilidade para que instrumentos econômicos sejam cada vez mais utilizados na implementação de políticas ambientais efetivas.
Espera-se que o leilão atraia investidores comprometidos com o desenvolvimento sustentável da Amazônia, promovendo alternativas econômicas ao desmatamento predatório.
Via Exame