A **Harvard e estudantes estrangeiros** enfrentam um momento de tensão após a universidade formalizar um processo judicial contra o governo Trump. A ação surge em resposta à revogação da certificação de Harvard no Student and Exchange Visitor Program (SEVP), uma medida que impacta diretamente a admissão de estudantes e acadêmicos internacionais. A disputa reacende o debate sobre a autonomia acadêmica e as políticas de diversidade e inclusão.
A decisão do Departamento de Segurança Interna de revogar a certificação SEVP de Harvard afeta cerca de 6.800 estudantes estrangeiros, representando 27% do corpo discente. A universidade alega que a medida é uma retaliação por sua recusa em ceder à interferência federal em seu currículo e corpo docente. Alan Garber, presidente da instituição, classificou a decisão como “ilegal e injustificada”.
O processo judicial, registrado sob o número 25-cv-11472 na Justiça Federal do Distrito de Massachusetts, busca uma ordem de restrição temporária para suspender os efeitos da revogação. Harvard, que mantém a certificação federal para matrícula de estrangeiros há mais de 70 anos, argumenta que a medida compromete seus programas acadêmicos e pesquisas.
A disputa entre Harvard e estudantes estrangeiros é o mais recente capítulo de uma escalada de tensões desde janeiro de 2025. Em abril, o governo congelou US$ 2,2 bilhões em fundos destinados à universidade, após a rejeição de demandas federais que incluíam mudanças em governança e políticas de admissão. Os subsídios federais representam aproximadamente 11% das receitas da instituição.
Além de Harvard, outras universidades também estão sob escrutínio. O Departamento de Educação anunciou investigações em 45 instituições por supostas práticas discriminatórias, enquanto 60 receberam advertências sobre cortes de financiamento relacionados a denúncias de assédio antissemita. A Universidade Columbia já sofreu o cancelamento de US$ 400 milhões em subsídios federais.
A impossibilidade de aceitar novos alunos estrangeiros impacta diretamente programas acadêmicos e pesquisas que dependem da presença internacional. Harvard mantém programas específicos para atrair talentos globais, com investimentos significativos. A revogação da certificação SEVP coloca em risco esses programas e o futuro de estudantes e acadêmicos.
A administração Trump tem ampliado sua ofensiva contra políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), não se limitando ao setor acadêmico. Empresas como Google, Meta e Amazon reduziram equipes dedicadas a iniciativas de diversidade. A administração também sinalizou revisão de contratos federais com empresas que mantêm programas de DEI considerados “discriminatórios”.
Em abril, o presidente Garber defendeu a autonomia de Harvard, afirmando que nenhum governo deve ditar o que universidades privadas podem ensinar ou quem podem admitir. A universidade planeja solicitar uma medida cautelar para suspender os efeitos da revogação, demonstrando urgência na proteção dos direitos de seus estudantes e acadêmicos.
A disputa judicial poderá redefinir o relacionamento entre instituições de ensino superior e governo federal nos Estados Unidos. Garber alertou para os riscos de afastar o governo dessas parcerias, afetando a saúde, o bem-estar e a segurança econômica do país. Os fundos federais são destinados a pesquisas em áreas como Alzheimer, Parkinson e inteligência artificial.
A questão de Harvard e estudantes estrangeiros é acompanhada de perto por outras universidades, que avaliam estratégias para lidar com demandas federais sem comprometer sua autonomia acadêmica. O desfecho dessa disputa terá um impacto significativo no futuro da educação superior e na relação entre o governo e as instituições de ensino.
Via Exame