Carrefour encerra negociações na B3 com queda de 44% no valor de mercado

Carrefour deixa a B3 com valor de mercado 44% menor. Entenda o que levou a essa decisão impactante para o mercado financeiro.
31/05/2025 às 11:32 | Atualizado há 1 semana
Saída do Carrefour Brasil
Carrefour Brasil encerra sua jornada na Bolsa após 8 anos de desafios e expectativas. (Imagem/Reprodução: Moneytimes)

Após oito anos na Bolsa brasileira, o Saída do Carrefour Brasil se concretizou na última sexta-feira (30), marcando um período de desafios e perdas no mercado. A matriz francesa, que já possuía 70% das ações, finalizou a compra da fatia restante para simplificar as operações e acelerar decisões estratégicas. A trajetória do grupo na B3 foi marcada por altas expectativas e dificuldades operacionais.

A chegada do Carrefour ao mercado de capitais em 2017 despertou grande interesse, com uma IPO de R$ 5,125 bilhões, a maior desde 2013. Na época, a empresa apresentou planos ambiciosos de digitalização e consolidação, com o Atacadão como principal motor de crescimento e protagonista no setor de varejo alimentar.

Eduardo Terra, fundador da consultoria BTR Retail, ressalta que a operação brasileira se tornou crucial para a matriz francesa, especialmente após a aquisição do Atacadão. Ele também menciona que a abertura de capital financiou a expansão e a digitalização da empresa, objetivos que foram alcançados.

As ações do Carrefour estrearam na B3 cotadas a R$ 15 e, em abril de 2022, atingiram o pico de R$ 23,17, refletindo um cenário favorável ao atacarejo devido à inflação e à perda do poder de compra. Entretanto, o desempenho das ações não sustentou o entusiasmo inicial, e o Carrefour deixou a B3 com um valor de mercado de R$ 17,8 bilhões, com a ação cotada a R$ 8,48, representando uma queda de 44% em relação ao valor da IPO.

Um dos principais obstáculos enfrentados foi a aquisição do Grupo BIG (ex-Walmart Brasil) em 2021, por R$ 7,5 bilhões. Apesar do otimismo inicial, a integração se mostrou complexa, lenta e custosa. A conversão de 129 lojas de grande porte e o fechamento ou venda de 123 unidades inviáveis consumiram tempo e recursos.

No primeiro trimestre de 2023, o Carrefour Brasil registrou um prejuízo de R$ 375 milhões, o primeiro desde a IPO, com a margem Ebitda caindo de 4,4% para 2,1%. Danniela Eiger, analista da XP Investimentos, atribuiu o resultado à pressão de rentabilidade das conversões e legados do BIG, além do aumento das despesas financeiras devido ao endividamento e à alta de juros.

As margens do Carrefour diminuíram com a inflação de alimentos e a crescente concorrência. O Assaí e o Grupo Pão de Açúcar (GPA) intensificaram sua expansão e reposicionamento, respectivamente, resultando em resultados decepcionantes para o Carrefour Brasil a partir de meados de 2022. Analistas do JPMorgan apontaram “falhas operacionais” e “visibilidade embaçada” devido à integração do BIG.

Além disso, no final de 2024, o Carrefour enfrentou uma crise quando seu presidente global anunciou a suspensão da compra de proteínas do Mercosul, alegando não conformidade com as normas sanitárias francesas. A medida gerou um boicote dos frigoríficos brasileiros e exigiu a intervenção do embaixador da França no Brasil. Após negociações, o Carrefour se retratou, reconhecendo a conformidade da carne brasileira com os padrões sanitários exigidos pela França.

A Saída do Carrefour Brasil da B3 representa um marco em sua trajetória, evidenciando os desafios enfrentados e as transformações no mercado de varejo alimentar. As dificuldades na integração do Grupo BIG e as pressões do mercado contribuíram para o desempenho abaixo do esperado e, consequentemente, para a decisão da matriz francesa de fechar o capital da empresa.

Via Money Times

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.