Como o ‘não’ da Blockbuster levou ao império da Netflix

Entenda a reviravolta que transformou a Netflix em um gigante de US$ 420 bilhões.
06/06/2025 às 06:18 | Atualizado há 3 meses
História da Netflix
Revolução Netflix: de streaming a gigante de US$ 420 bilhões em inovação. (Imagem/Reprodução: Exame)

A plateia do Arena Stage em Madri ficou cheia para ouvir Marc Randolph, cofundador da Netflix, que compartilhou detalhes sobre a História da Netflix durante o South Summit. Ele contou como a empresa começou, os desafios enfrentados, incluindo perdas significativas, e o dia em que quase venderam a companhia para a Blockbuster. Na época, a Netflix operava com a locação de DVDs pelo correio e acumulava déficits de 50 milhões de dólares.

Randolph e seu colega Reed Hastings propuseram uma fusão com a Blockbuster, que na época tinha mais de 60.000 funcionários. Eles buscavam unir a força da gigante com a capacidade online da Netflix. “Eles riram da nossa cara”, relembrou Randolph, destacando a dificuldade daquela reunião. O grupo da Netflix saiu de Dallas sem acordo e sem opção, enquanto a Blockbuster não viu valor na proposta.

Após essa recusa, a Netflix se viu em uma situação crítica. A equipe precisou reorganizar-se com cortes de pessoal e uma reavaliação de estratégia. O modelo de assinatura, sem prazos de devolução e sem multas, foi uma resposta fundamental. Essa mudança trouxe a tração necessária para a empresa começar a crescer, estabelecendo uma nova forma de consumir mídia.

Randolph enfatizou que a verdadeira conquista da Netflix não foi a tecnologia, mas a cultura que cultivaram desde o início. “Cultura não é o que você escreve no site. É o que as pessoas aprendem umas com as outras diariamente.” A empresa sempre priorizou a liberdade de julgamento entre seus colaboradores, operando com o mínimo de regras e controle. Esta abordagem exigia cuidado na contratação e a promoção de um ambiente onde decisões são tomadas com base em informações acessíveis.

Uma das armadilhas que Randolph destacou foi a tendência das empresas de criar processos para mitigar erros de contratações ruins, resultando em burocracia. Ele defendeu que a cultura da Netflix só prosperou quando se cercaram de pessoas capazes de tomar decisões corretas. Além disso, a transparência foi um princípio basilar, onde a honestidade e a clareza eram valorizadas em todos os níveis da empresa.

Randolph também discutiu a importância de testar ideias rapidamente, desmistificando a noção de que boas ideias são o principal recurso para startups. “O problema não é ter boas ideias. É como transformar essas ideias em algo viável no mundo real”, disse ele. No início da Netflix, cada iniciativa levava semanas para ser implementada e muitas vezes não oferecia resultados efetivos. Com o tempo, a equipe aprendeu a ser mais ágil, descobrindo que a resposta do cliente não dependia da perfeição do teste.

Sobre investimentos, Randolph alertou que levantar capital deve ter dois objetivos claros: necessidade de velocidade e disposição para abrir mão do controle. “Quando alguém investe em você, é porque deseja retorno financeiro”, destacou, conscientizando sobre as responsabilidades que vêm com o financiamento.

Após deixar sua posição como CEO, Randolph decidiu focar em investir e orientar novas startups. O que ele procura em empreendedores não é apenas uma ideia, mas a capacidade de descartar rapidamente as más ideias e se concentrar na resolução de problemas. Essa habilidade, segundo ele, é mais valiosa que qualquer tecnologia.

Via Exame

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.