Na última sexta-feira, o mercado financeiro recalibrou suas expectativas, projetando uma maior probabilidade de **alta da Selic** em 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), agendada para 18 de junho. Essa mudança de cenário indica que os investidores veem com mais cautela a manutenção da taxa básica de juros nos atuais 14,75% ao ano.
As projeções, baseadas nos contratos de opção de Copom negociados na B3, revelam que a expectativa de um aumento da Selic superou a de estabilidade ao longo da semana. Essa tendência ganhou força a partir de terça-feira, refletindo uma nova postura dos agentes do mercado financeiro. No dia analisado, os contratos indicavam 62% de probabilidade de elevação de 0,25 ponto, enquanto a manutenção da taxa detinha 33% das expectativas. Na véspera, os mesmos derivativos apontavam para 53,2% de chance de manutenção e 44,5% de aumento.
Essa mudança de percepção pode ser atribuída, em parte, às declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Em pronunciamento recente, Galípolo mencionou que o Copom ainda está avaliando o ciclo de alta, em vez de discutir possíveis cortes de juros. Tal discurso foi interpretado por agentes de mercado como um possível sinal de que o Banco Central pode reconsiderar a elevação da Selic.
Rafael Sueish, head de renda fixa da Manchester Investimentos, destaca que o tom de cautela adotado por Galípolo fortaleceu a possibilidade de um aumento de 25 pontos-base na Selic. Lais Costa, analista da Empiricus Research, complementa que o sentimento dos investidores mudou, com economistas de mesa alterando suas posições sobre as decisões do Copom.
A mudança de cenário, conforme a Opção de Copom, ocorreu de forma gradual ao longo da semana. No início, o mercado apostava em 65% de chance de manutenção, percentual que declinou para 64,5% na terça-feira e 59% na quarta-feira. Na quinta-feira, essa probabilidade já era de 53,2%, atingindo 33% no dia analisado, em linha com dados que apontam para uma economia aquecida nos EUA, exercendo pressão sobre as taxas de juros. Acompanhe de perto as próximas decisões do Copom para entender o impacto na sua carteira de investimentos.
Os reflexos no Tesouro Direto também são notáveis, com os títulos prefixados superando 14% ao ano e os papéis atrelados à inflação (IPCA+) oferecendo juro real acima de 7% em todos os vencimentos. Guilherme Silva, economista da Ativa, avalia que o Banco Central deve optar pela manutenção da taxa, argumentando que o BC já implementou as medidas necessárias e deve aguardar os efeitos da política contracionista.
Os rendimentos dos Treasuries norte-americanos subiram após o payroll dos Estados Unidos mostrar a criação de 139 mil vagas em maio, acima do esperado, com salários também maiores e taxa de desemprego estável. Os yields dos Treasuries de dois e dez anos foram para 4,037% e 4,494%, respectivamente. O dólar ultrapassou R$ 5,60, após fechar abaixo desse patamar no dia anterior, atingindo o menor nível em quase oito meses.
Via InfoMoney