A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no dia 9 de outubro, a utilização do Mounjaro para obesidade, um medicamento da Eli Lilly. O remédio já era comercializado no Brasil desde maio, inicialmente focado no tratamento de diabetes tipo 2. Com a nova aprovação, a farmacêutica espera um crescimento significativo no mercado brasileiro, intensificando a competição com o Ozempic.
A aprovação do Mounjaro agora inclui o tratamento de adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 (obesidade) ou IMC igual ou superior a 27 (sobrepeso), que apresentem ao menos uma comorbidade associada, como hipertensão, colesterol alto ou pré-diabetes. Essa decisão foi embasada nos resultados do programa SURMOUNT, que compreende sete estudos clínicos com a participação de mais de 20 mil pacientes.
Karla Alcázar, presidente da Eli Lilly na América Latina, declarou em entrevista à EXAME que a empresa acredita ser mais eficaz e que os médicos estão preparados para prescrever a medicação aos pacientes que necessitam. A Lilly pretende se tornar líder de mercado, e a aprovação para o tratamento da obesidade é um passo importante nessa direção.
Com a nova aprovação, a Eli Lilly espera um aumento nas vendas do Mounjaro no Brasil, buscando expandir sua presença no país em cinco vezes até 2030. O medicamento é um dos principais produtos para essa expansão, juntamente com tratamentos para oncologia e Alzheimer. O mercado de medicamentos para obesidade possui um grande potencial, com estimativas de movimentar até US$ 199 bilhões por ano, segundo um estudo do Barclays. Já o mercado de medicamentos para diabetes tipo 2, onde o Mounjaro também atua, gerou mais de US$ 6 bilhões globalmente até agosto de 2023.
Disponível no Brasil desde maio, o Mounjaro é comercializado em canetas injetoras para uso semanal, nas doses de 2,5 mg e 5 mg. O preço varia entre R$ 1.406 e R$ 2.384 por mês, dependendo do canal de venda e da participação no programa de acesso da Lilly. Cada embalagem contém quatro canetas, o que corresponde a um mês de tratamento. A patente do medicamento é válida até pelo menos 2035, e Karla Alcázar alerta que não existem cópias legais, garantindo que somente a Lilly fornece a tirzepatida com garantia de qualidade.
O Mounjaro atua sobre dois hormônios naturais, o GLP-1 e o GIP, responsáveis por regular a insulina, o apetite e o gasto energético. Essa ação dupla auxilia na redução da glicose no sangue e promove uma perda de peso significativa. A principal diferença entre Mounjaro e Ozempic está no mecanismo de ação: a tirzepatida, presente no Mounjaro, atua em dois hormônios naturais, enquanto a semaglutida, princípio ativo do Ozempic, age apenas sobre o GLP-1. Estudos clínicos da Eli Lilly indicam que a eficácia da tirzepatida é superior à da semaglutida.
Em um dos estudos, 51% dos pacientes que utilizaram tirzepatida na dose de 15 mg atingiram níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) abaixo de 5,7%, valor típico de pessoas sem diabetes. Entre os pacientes que usaram semaglutida, esse índice foi de apenas 20%. Além disso, 92% dos pacientes tratados com tirzepatida ficaram abaixo de 7%, valor recomendado pelas diretrizes médicas. Nos estudos voltados para obesidade, a tirzepatida também apresentou maior eficácia na perda de peso, com uma média de 24,3 kg, contra 17 kg com a semaglutida.
Essa aprovação representa um avanço significativo no tratamento de Mounjaro para obesidade e comorbidades associadas, oferecendo uma alternativa eficaz para pacientes que buscam melhorar sua saúde e qualidade de vida. A expectativa é que o medicamento se torne um importante aliado no combate à obesidade no Brasil, impulsionando o crescimento da Eli Lilly no mercado farmacêutico.
Via Exame
