O setor produtivo brasileiro manifesta crescente preocupação com a possível adoção de medidas que aumentem a carga tributária, temendo que estas possam prejudicar a indústria, elevar os custos de crédito e, consequentemente, desacelerar o crescimento econômico. Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), critica a postura do governo de solucionar problemas financeiros do Estado por meio do aumento de impostos sobre o setor produtivo.
Segundo Alban, o setor já enfrenta dificuldades devido a juros elevados e spreads bancários altos. O aumento da tributação pode encarecer ainda mais o crédito, impactando diretamente o consumidor final. A CNI sugere que o governo priorize outras medidas para equilibrar as contas públicas, como a reforma administrativa, a modernização das leis trabalhistas, a gestão eficiente dos gastos públicos e a tributação de setores menos regulados, como as apostas online.
O Ministério da Fazenda estuda alternativas para aumentar a arrecadação, incluindo a tributação de 5% sobre os rendimentos de títulos isentos, como LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), além do possível aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de instituições financeiras. O governo também prepara um texto alternativo para a medida provisória que elevou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que é criticado pelo setor privado por ter natureza regulatória, e não arrecadatória.
Para Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a proposta para o IOF não resolve o problema e agrava o custo do crédito. Ele argumenta que cobrar de quem já está endividado é injusto, e que o IOF não é o instrumento adequado para aumentar a arrecadação. O setor industrial já sente os impactos de um ambiente de negócios mais desafiador. Dados do IBGE mostram que, no primeiro trimestre de 2025, a indústria foi o único setor a apresentar retração, com uma queda de 0,1% em relação ao trimestre anterior, enquanto o PIB cresceu 1,4%.
Representantes de diversos segmentos econômicos, incluindo CNI, CNC, CNT, CNF e CNSeg, apresentaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva propostas para promover o equilíbrio fiscal sem penalizar o setor produtivo. Alban defende que as soluções devem priorizar o corte de gastos e a eficiência do Estado, além de tributar atividades menos reguladas, como as apostas esportivas.
Via InfoMoney