ONU enfrenta um dos seus maiores desafios nas últimas décadas, afirma coordenadora no Brasil

A coordenadora da ONU no Brasil alerta sobre os grandes desafios enfrentados pela organização atualmente.
11/06/2025 às 19:50 | Atualizado há 2 semanas
Responsabilidade corporativa ambiental
Desafios globais: a coordenadora da ONU no Brasil traz um alerta importante. (Imagem/Reprodução: Exame)

O Fórum Ambição 2030, realizado em São Paulo, teve como destaque o discurso de Silvia Rucks, Coordenadora Residente da ONU no Brasil, que questionou o papel das empresas na construção de um mundo melhor. Com o Brasil sediando a COP30, o evento reuniu mais de duas mil empresas do Pacto Global da ONU, onde Rucks enfatizou que os empresários são cruciais para alcançar os objetivos de sustentabilidade e equidade. Suas palavras provocaram reflexões sobre as práticas corporativas e seu impacto social e ambiental.

Silvia Rucks, em sua participação no Fórum Ambição 2030, não poupou questionamentos às empresas presentes, indagando sobre as condições de trabalho em suas cadeias produtivas, o respeito aos direitos humanos por parte de seus fornecedores, a equidade salarial entre gêneros e as oportunidades oferecidas a grupos marginalizados. Essas perguntas, feitas durante o evento, refletem uma cobrança crescente por maior responsabilidade corporativa ambiental e social.

A coordenadora da ONU também concedeu uma entrevista à EXAME, na qual abordou a atuação do Pacto Global no Brasil e sua trajetória até os altos escalões da ONU. Rucks expressou preocupação com os desafios enfrentados pela instituição, mencionando conflitos armados, crises humanitárias, mudanças climáticas, desigualdades e retrocessos em direitos humanos. Ela destacou que, diante desse cenário, a responsabilidade corporativa ambiental se torna ainda mais urgente e necessária.

Rucks enfatizou que a responsabilidade corporativa ambiental vai além das políticas internas das empresas, abrangendo toda a sua cadeia de valor. Ela questionou o impacto ambiental das empresas, indagando se seus produtos e processos estão alinhados com uma economia de baixo carbono e se contribuem para a tríplice crise planetária: perda de biodiversidade, poluição e mudanças climáticas. A representante da ONU reconheceu um aumento no engajamento empresarial nos últimos anos, afirmando que as empresas que liderarem essa transformação serão as empresas do futuro.

O Relatório Ambição 2030 – Ano 3, lançado durante o fórum, revelou que 362 empresas já assinaram 680 cartas-compromisso, totalizando cerca de 1.600 compromissos públicos. Esses compromissos têm um impacto direto na vida de aproximadamente 1,6 milhão de trabalhadores e indicam que muitas empresas estão transformando seus discursos em ações concretas. No que se refere à crise hídrica, o relatório apontou que 97% da população nas áreas de atuação de 23 organizações participantes têm acesso à água potável, beneficiando 39,45 milhões de pessoas.

O relatório também destacou o crescimento do Movimento Conexão Circular, com um aumento de 84,85%. Das 34 organizações comprometidas com a meta de zero resíduos em aterros sanitários até 2030, 22 já desviaram mais de 2,5 milhões de toneladas de resíduos para soluções mais sustentáveis. Entretanto, os dados dos Movimentos Salário Digno e Raça é Prioridade revelam que nem todas as transformações estão ocorrendo no mesmo ritmo, com apenas uma pequena parte das empresas comprometidas implementando políticas de remuneração digna e diversidade em cargos de liderança.

Silvia Rucks, que se define como uma otimista, mencionou a importância do Brasil na COP30 como articulador de soluções climáticas, enfatizando a necessidade de alinhamento entre as políticas federais, estaduais e municipais. Ela acredita que a conferência será uma oportunidade para as empresas demonstrarem como a sustentabilidade e a competitividade podem caminhar juntas, posicionando o país como um líder na construção de pontes entre o Norte e o Sul Global.

Via Exame

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.