O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos reacendeu debates sobre o futuro do planeta. O climatologista Carlos Nobre, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, cunhou o termo “Trumping Point” para descrever o primeiro ponto de não retorno sociopolítico. Este conceito abrange as consequências irreversíveis que as decisões políticas podem ter sobre o clima e o meio ambiente global. Nobre, figura chave na busca por soluções para a Amazônia, vê no Brasil um protagonista na redução de emissões e na restauração de florestas.
Carlos Nobre avalia o impacto da gestão Trump no financiamento e nas decisões climáticas. O governo Biden investia bilhões na transição energética, focando em energias renováveis e infraestrutura de transmissão. Trump, ao reassumir, retirou os EUA do Acordo de Paris e prometeu total apoio à exploração de combustíveis fósseis. Além disso, atacou a ciência climática, cortou fundos da Organização Mundial de Saúde e suspendeu projetos da USAID, inclusive no Brasil.
Para Nobre, é quase inacreditável que, em meio à emergência climática, um presidente negue a ciência. As temperaturas globais já ultrapassaram os limites de segurança, com janeiro de 2025 registrando 1,75°C acima dos níveis pré-industriais. Essas temperaturas são inéditas desde o surgimento das civilizações. A população americana, segundo Nobre, está preocupada com o negacionismo climático de Trump.
A ciência aponta mais de 25 ponto de não retorno, que são marcos climáticos, ecológicos e biológicos. Se o aquecimento global continuar, esses pontos serão acionados, levando a consequências graves. Um exemplo é o aquecimento dos oceanos em 2°C, que pode extinguir os recifes de corais, responsáveis por 25% da biodiversidade marinha. Outro ponto de não retorno é o descongelamento do Permafrost, solo congelado na Sibéria e no Canadá, liberando bilhões de toneladas de metano e gás carbônico.
A Amazônia também está à beira de um ponto de não retorno. O desmatamento e as queimadas podem levar à perda de grande parte da floresta, liberando ainda mais gás carbônico na atmosfera. Nobre destaca que o Trumping Point é um ponto de não retorno sociopolítico, com potencial para perturbar a economia e o meio ambiente globalmente.
Nobre acredita que a COP30, no Brasil, pode ser a mais importante de todas. Ele exorta os países a zerarem suas emissões o mais rápido possível, buscando recursos e combatendo o negacionismo. O mercado financeiro tem um papel fundamental, acelerando a busca por soluções e investindo no mercado de carbono.
O Brasil tem potencial para liderar uma economia de baixo carbono, zerando o desmatamento e investindo em energias renováveis. Projetos de restauração florestal são essenciais para remover gás carbônico da atmosfera. O Brasil pode se tornar o primeiro país a ter emissões negativas, removendo mais gás carbônico do que emite.
O cenário climático global exige ações urgentes e coordenadas. A eleição de líderes que priorizam o meio ambiente e a ciência é crucial para evitar os ponto de não retorno. O Brasil, com seu potencial e compromisso, pode ser um farol na luta contra o aquecimento global.
Via InfoMoney