Impactos do petróleo e tarifas sobre as previsões dos bancos centrais

Entenda como a guerra, o petróleo e as tarifas de importação influenciam as previsões dos mercados e as decisões dos bancos centrais.
20/06/2025 às 06:17 | Atualizado há 1 semana
Incerteza sobre a política monetária
Corte de juros na Noruega intensifica a inquietação dos investidores em meio à incerteza. (Imagem/Reprodução: Moneytimes)

Após o inesperado corte de juros na Noruega, a incerteza sobre a política monetária tem deixado investidores apreensivos, intensificada pelas sobretaxas de importação dos EUA, tensões no Oriente Médio e a instabilidade do dólar. Essa combinação de fatores desafia as previsões globais de inflação e as estratégias dos bancos centrais.

A desvalorização da coroa norueguesa e a decisão da Suíça de manter juros próximos de zero ilustram o cenário complexo. O Federal Reserve (Fed) optou por manter as taxas de juros nos EUA, com seu presidente admitindo a falta de consenso sobre o futuro das taxas. Essa indefinição adiciona mais um obstáculo aos mercados, já impactados por riscos geopolíticos e comerciais.

Bolsas de valores globais se afastaram de seus picos, enquanto o índice de volatilidade do mercado acionário europeu atingiu o ponto mais alto em dois meses. A venda de títulos de governo, tradicionalmente vistos como investimentos seguros, também foi observada.

Mark Dowding, da RBC Global Asset Management, destaca o momento de considerável incerteza política e macroeconômica, evitando apostas ativas no mercado devido à dificuldade em prever as taxas de juros. Para alguns investidores, a volatilidade deve aumentar, com a instabilidade do dólar e a influência da geopolítica nos preços do petróleo, dificultando o planejamento dos bancos centrais.

Davide Oneglia, da T.S. Lombard, ressalta a dificuldade dos bancos centrais em interpretar a economia, tornando inviável seguir suas orientações. Os bancos centrais europeus, ao reduzirem os juros, divergem do Fed, que enfrenta riscos inflacionários decorrentes das tarifas de importação impostas pelo governo americano.

O dólar, antes um pilar do comércio global, tem se mostrado mais fraco e volátil devido a guerras comerciais e preocupações com a dívida governamental. Nick Rees, da Monex Europe, aponta para uma mudança fundamental nos mercados globais, com as regras econômicas tradicionais perdendo sua eficácia.

François Villeroy de Galhau, do Banco Central Europeu, alertou que os planos de corte de taxas podem ser revistos se a volatilidade dos preços do petróleo persistir. Analistas sugerem que o mercado pode estar entrando em uma fase de surpresas, com eventos e fatores políticos, como a atuação de figuras como Donald Trump, exercendo grande influência.

O corte de juros na Noruega reflete a posição da coroa norueguesa na era da guerra comercial, segundo Kit Juckes, do Société Générale. Paralelamente, o franco suíço se valorizou, reduzindo os custos das importações e levando a Suíça à deflação.

John Stopford, da Ninety One, vê o risco aumentando para as bolsas globais e considera acessíveis os produtos de opções que protegem contra a volatilidade. Ele investe em títulos de países onde a inflação e os juros podem cair, como a Nova Zelândia, mas evita os títulos de longo prazo do Tesouro dos EUA e os Bunds alemães, devido à incerteza econômica.

Apesar do índice de bolsas globais estar quase 20% acima de seu ponto mais baixo em abril, Stopford alerta para cautela no curto prazo, comparando o mercado de ações a uma casa de palha sujeita a incêndios, com seguros a preços baixos.

Via Money Times

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.