A **FIFA do futebol global** lançou seu torneio de clubes mais ambicioso, visando expandir mercados, audiências e sua operação global. Com um prêmio de 1 bilhão de dólares, a reformulada Copa do Mundo de Clubes busca transformar o futebol de clubes em um produto midiático global, com receitas ao estilo da NBA, investimento saudita e apelo ao entretenimento em larga escala.
A estratégia da FIFA pode transformar clubes de futebol em propriedades intelectuais e franquias de conteúdo global, com crescente apelo comercial nos Estados Unidos. A organização busca controlar o calendário do futebol, monetizar em escala e ter acesso direto à base de consumidores esportivos mais valiosa do mundo.
O torneio, com 32 times e 63 jogos, ocorrerá nos Estados Unidos até 13 de julho. A escolha do país não foi aleatória, já que os EUA são sede dos patrocinadores mais influentes, plataformas de mídia poderosas e fãs que tratam esportes como entretenimento premium.
A DAZN garantiu os direitos de transmissão global em um acordo de 1 bilhão de dólares, após o fundo soberano da Arábia Saudita (PIF) investir o mesmo valor na plataforma, tornando-se um patrocinador do torneio. A DAZN transmitirá os jogos gratuitamente, buscando construir escala antes da Copa do Mundo de 2034 em Riade.
A Arábia Saudita utiliza o esporte para remodelar sua marca global, e o modelo financeiro do torneio está evoluindo para gerar mais receita recorrente e maior controle sobre o esporte, atualmente influenciado pela UEFA.
Gianni Infantino, presidente da FIFA do futebol global desde 2016, busca reduzir o domínio europeu e consolidar o lado comercial do futebol. O novo troféu de ouro 24 quilates, criado pela Tiffany & Co., é gravado com “Inspirado pelo Presidente da FIFA Gianni Infantino.”
A estrutura de prêmios reflete essa ambição. Chelsea e Manchester City ganharam 38 milhões de dólares só por participar. Clubes da América do Sul, África e Ásia ganharam menos, mas um bom desempenho pode equilibrar as finanças. O campeão ganhará 40 milhões de dólares; o vice-campeão, 30 milhões.
Semifinalistas receberão 21 milhões de dólares, e os que chegarem às quartas de final, 13 milhões. No total, 525 milhões de dólares estão garantidos, com mais 475 milhões ligados ao desempenho. Isso pode transformar clubes de segundo escalão em motores econômicos regionais.
As demandas podem ser altas. Estrelas como Vini Jr. e Valverde, do Real Madrid, podem jogar mais de 80 partidas e viajar quase 130 mil quilômetros nesta temporada. A FIFPRO, sindicato global dos jogadores, fez objeções formais. Pep Guardiola, do Manchester City, considera o calendário “insustentável”. Mesmo assim, o Real Madrid prometeu a cada jogador um bônus de 1 milhão de dólares pela vitória no torneio.
O coração logístico do torneio é na Flórida. Infantino reside em Coral Gables, e Orlando é a única cidade com dois locais de jogos: Inter&Co Stadium e Camping World Stadium. Este é o momento americano mais significativo do futebol desde a Copa do Mundo de 1994, que ajudou a popularizar o esporte nos EUA.
Coca-Cola, Visa e Bank of America são os principais patrocinadores. O BoA garantiu direitos globais exclusivos na categoria financeira. Os preços dos ingressos foram ajustados, com assentos para jogos de menor destaque caindo de 250 para 50 dólares, enquanto confrontos como Real Madrid contra Al Hilal atingiram 7.000 dólares em plataformas de revenda.
O Brasil, tradicionalmente visto como o lar do futebol, será representado por Botafogo, Palmeiras, Flamengo e Fluminense. Cada vitória na fase de grupos vale 1 milhão de dólares; avançar para as oitavas de final adiciona 2 milhões, quase igual aos ganhos de uma temporada inteira na primeira divisão brasileira.
Na DraftKings, as probabilidades são altas. Uma aposta de 100 dólares no Flamengo para vencer o Chelsea retornou 320 dólares. Ainda assim, os favoritos são Real Madrid, Manchester City, PSG e Bayern, todos com grande capital.
A visibilidade importa. Mesmo sem ganhar o troféu, clubes não europeus podem melhorar seus perfis antes da Copa do Mundo de 2026. Jogadores ganham exposição global, e um único gol pode mudar narrativas e patrocínios. Uma inclusão mais ampla leva a um envolvimento mais profundo. Quanto mais representativo o torneio globalmente, maior seu lado comercial.
A Copa do Mundo de Clubes pode ser vista como um teste do que o futebol pode se tornar: um negócio transfronteiriço focado na mídia, comparável à NFL e NBA. Para a FIFA do futebol global, é uma tentativa de dominar o jogo de clubes. Para a Arábia Saudita, é uma extensão do poder, além do petróleo. E para os EUA, é uma chance de domesticar o esporte mais popular do mundo, com estádios lotados, patrocinadores e significado cultural.
O futebol veio para os EUA em busca de escala. Se o modelo funcionar, o troféu Tiffany será apenas mais um ativo em um balanço crescente.
Via Brazil Journal