Os lucros da Apple na China e as consequências para o país

Saiba como a Apple se beneficiou da China e as implicações para o país.
27/06/2025 às 07:17 | Atualizado há 1 mês
Apple na China
A atenção especial da Apple em meio às críticas da mídia estatal chinesa. (Imagem/Reprodução: Braziljournal)

O livro “Apple in China: The Capture of the World’s Greatest Company”, de Patrick McGee, revela como a decisão da Apple na China de fabricar grande parte de seus produtos no país asiático criou uma dependência preocupante. Essa escolha não só impactou a empresa americana, mas também fortaleceu a capacidade tecnológica chinesa, desafiando a inovação dos Estados Unidos.

McGee destaca que a Apple treinou milhões de trabalhadores chineses e investiu quantias significativas na China. Esses investimentos superam até mesmo os esforços do governo americano para impulsionar a produção de chips de computador nos EUA. Essa transferência de tecnologia e conhecimento tem implicações geopolíticas importantes, comparáveis à queda do Muro de Berlim, segundo o autor.

A trajetória da Apple, desde suas origens inovadoras com Steve Jobs até a terceirização da produção na China, é crucial para entender essa transformação. A busca por menores custos e a disponibilidade de mão de obra barata atraíram a Apple para a China nos anos 90. No entanto, essa relação se aprofundou com a adesão da China à Organização Mundial do Comércio, que incentivou a economia de exportação e o aprendizado com investidores estrangeiros.

A Foxconn, fornecedora da Apple, construiu verdadeiras cidades para abrigar os trabalhadores que montavam os produtos da marca. Os iMacs foram os primeiros a serem produzidos em massa, marcando o início da “velocidade chinesa”. Com o tempo, os consumidores chineses também se tornaram grandes compradores dos produtos Apple, simbolizando sucesso e individualidade.

Apesar dos benefícios econômicos, a relação da Apple na China também enfrentou desafios. Campanhas midiáticas questionaram a postura da Apple, levando a empresa a ceder a exigências do governo chinês, como a remoção de aplicativos de sua loja online e o armazenamento de dados de usuários chineses no país. Além disso, auditorias independentes sobre as condições de trabalho na cadeia de suprimentos foram interrompidas.

Em 2015, a Apple se tornou a maior investidora corporativa na China. Simultaneamente, o governo chinês lançou o plano “Made in China 2025”, visando a autossuficiência tecnológica, com a Apple desempenhando um papel fundamental nesse processo. A expertise da Apple em tecnologias como telas multitoque e componentes internos do iPhone foi transferida para fornecedores locais, impulsionando empresas chinesas como Huawei e Xiaomi.

Hoje, os produtos chineses competem diretamente com os da Apple, superando as vendas da empresa americana em mercados importantes. Embora o livro de McGee apresente algumas limitações, como a falta de perspectivas chinesas, ele oferece uma análise da complexa relação entre a Apple e a China, destacando como essa parceria transformou ambos os lados e gerou implicações globais.

Via Brazil Journal

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.