A previsão de lucro do Walmart para o ano completo ficou abaixo das expectativas, sinalizando que as incertezas econômicas globais podem estar impactando o desempenho do gigante varejista. A empresa, com sede em Bentonville, Arkansas, divulgou que espera lucros ajustados entre US$ 2,50 e US$ 2,60 por ação, um valor inferior ao projetado por analistas de Wall Street, causando uma queda de até 9,5% nas ações nas negociações iniciais em Nova York.
Historicamente, o Walmart adota uma postura conservadora em suas projeções. No entanto, as expectativas dos investidores estavam mais elevadas, impulsionadas por um aumento de 77% no preço das ações nos últimos 12 meses. Durante uma conferência com analistas, o diretor financeiro da empresa, John David Rainey, mencionou que o guidance está alinhado com anos anteriores, mas admitiu a existência de incertezas relacionadas ao comportamento do consumidor e às condições econômicas e geopolíticas.
Para o próximo ano, o Walmart prevê um crescimento geral nas vendas líquidas entre 3% e 4%, abaixo do crescimento de 5% registrado no último ano fiscal. Rainey também destacou que o guidance não considera o impacto potencial de tarifas, dada a natureza imprevisível dessas taxas, afetando a importação de alimentos do México e produtos da China.
O Walmart tem se beneficiado nos últimos anos com consumidores priorizando itens essenciais, como alimentos, devido à inflação. No trimestre mais recente, a empresa observou um crescimento na participação de mercado, especialmente entre famílias com renda superior a US$ 100.000 por ano. O varejista foi o primeiro a divulgar resultados trimestrais após a temporada de festas, com um aumento de 4,6% nas vendas comparáveis nas lojas dos EUA abertas há pelo menos um ano, superando as projeções de Wall Street.
Apesar do cenário, Rainey descreveu o consumidor como estável, ressaltando que os gastos ainda não se recuperaram totalmente. As vendas de mercadorias gerais estão apresentando melhoras, e a demanda durante a temporada de festas se manteve dentro das expectativas da empresa. No entanto, o setor varejista enfrenta desafios significativos, como as tarifas, que permanecem uma incógnita para as empresas.
As vendas no varejo dos EUA sofreram uma queda em janeiro, influenciadas por fatores climáticos e pelo aumento da inflação básica devido aos preços mais altos de energia e alimentos, impulsionada pela gripe aviária. Outras empresas como Home Depot e Target divulgarão seus resultados nas próximas semanas.
Ainda assim, o Walmart tem se destacado em períodos econômicos desafiadores, impulsionado pelo crescimento de seu negócio digital, atraindo consumidores de alta renda com serviços de retirada e entrega online. A operação digital do varejista também expandiu seu sortimento, incluindo colecionáveis e bolsas Chanel de segunda mão.
Com a previsão de lucro do Walmart abaixo do esperado, o mercado permanece atento às estratégias da empresa para mitigar os impactos da incerteza econômica e manter sua relevância no cenário varejista global.