Visa e Mastercard enfrentam desafios das criptomoedas em um mercado de US$ 253 bilhões

Entenda como Visa e Mastercard estão reagindo à ameaça das criptomoedas em um mercado que pode atingir US$ 2 trilhões.
01/07/2025 às 11:47 | Atualizado há 16 horas
Stablecoins para pagamentos
Stablecoins desafiam Visa e Mastercard ao permitir pagamentos diretos entre consumidores e comerciantes. (Imagem/Reprodução: Investnews)

A competição no universo dos pagamentos digitais está se intensificando, com empresas de tecnologia e startups de criptomoedas desafiando a dominância de gigantes como Visa e Mastercard. Impulsionadas pelas **stablecoins para pagamentos**, essas novas empresas oferecem taxas mais competitivas e liquidação mais ágil, representando uma alternativa atraente para comerciantes.

As stablecoins, atreladas a moedas fiduciárias como o dólar, possibilitam que consumidores efetuem pagamentos diretamente aos comerciantes a partir de suas carteiras digitais. Essa inovação elimina a necessidade de intermediários como bancos ou redes de cartões. Nos Estados Unidos, as empresas arcaram com aproximadamente US$ 187 bilhões em taxas de transação no ano anterior, majoritariamente através dos sistemas da Visa e Mastercard.

Christian Catalini, do MIT Cryptoeconomics Lab, ressalta o potencial disruptivo das criptomoedas para as finanças tradicionais. Ele acredita que as redes de cartões buscarão integrar as stablecoins para manter sua relevância.

Essa crescente pressão obriga a Visa e a Mastercard a se adaptarem, posicionando-se como infraestrutura essencial para todas as transações digitais, inclusive aquelas projetadas para contorná-las. Com a iminente legislação federal para emissoras de stablecoins, essas empresas estão introduzindo cartões vinculados a criptomoedas e desenvolvendo serviços para bancos que exploram o uso de moedas digitais.

Historicamente, Visa e Mastercard têm atenuado ameaças da concorrência ao incorporá-las em suas próprias redes. Ao se aproximarem das stablecoins, elas podem estar implementando mais uma estratégia de cooptação. O mercado de stablecoins, atualmente avaliado em US$ 253 bilhões, tem o potencial de alcançar US$ 2 trilhões nos próximos anos, de acordo com Scott Bessent, ex-secretário do Tesouro dos EUA.

As stablecoins representam uma mudança significativa em relação à imagem especulativa usualmente associada ao mercado de criptomoedas. Elas oferecem uma ferramenta para aprimorar os sistemas financeiros e conferir à criptoeconomia uma função socialmente útil.

Grandes varejistas, como o Walmart, estão avaliando projetos-piloto com stablecoins. A Fiserv, fornecedora de tecnologia bancária, lançou seu próprio token lastreado em moeda fiduciária, auxiliando instituições financeiras menores a acompanhar as inovações nos pagamentos.

A substituição das redes de cartões estabelecidas apresenta desafios, principalmente nos EUA, onde os consumidores valorizam recompensas, proteção contra fraudes e acesso a crédito. As stablecoins ainda oferecem benefícios limitados no ponto de venda, e a criptomoeda ainda é vista com desconfiança por muitos.

Os saldos em stablecoins não contam com seguro FDIC, e a proteção ao consumidor pode ser diferente da oferecida pelos cartões tradicionais. Para os comerciantes, a nova tecnologia pode acarretar riscos de conformidade, fiscais e operacionais.

A Shopify, em colaboração com a Stripe e a Coinbase Global, permite que comerciantes aceitem USDC, uma stablecoin atrelada ao dólar emitida pela Circle. A transação é processada via blockchain, permitindo que os comerciantes recebam USDC diretamente em suas carteiras digitais ou convertam-nos em moeda local.

A Shopify oferece 1% de cashback para clientes que pagam com USDC, com a recompensa também sendo paga em USDC. A Coinbase lançou uma plataforma de pagamentos para ampliar o uso de stablecoins por varejistas digitais. Richard Crone, da Crone Consulting, observa que os hábitos de pagamento dos consumidores estão em transformação.

Diante desse cenário, Visa e Mastercard estão se mobilizando, destacando seu alcance global, proteção contra fraudes, privacidade do consumidor e confiabilidade da marca. A tecnologia de tokenização das redes protege os consumidores em compras online.

Jack Forestell, da Visa, afirma que a empresa possibilita que instituições financeiras emitam tokens digitais lastreados em moeda fiduciária e está testando a liquidação de transações na rede usando stablecoins. A Mastercard aderiu à Global Dollar Network da Paxos, facilitando a emissão e resgate da stablecoin USDG.

Essa rede possibilita aos usuários controlar como os pagamentos são processados, com transações menores sendo debitadas de contas correntes, valores maiores de linhas de crédito e pagamentos para determinados comerciantes sendo efetuados de carteiras digitais, tudo vinculado a uma única identidade de pagamento.

Jorn Lambert, da Mastercard, acredita que as stablecoins representam uma oportunidade para novos casos de uso, como remessas e pagamentos entre empresas. Forestell, da Visa, lembra que outras inovações, como carteiras digitais, geraram preocupações similares no passado, mas a adaptação corporativa prevaleceu.

Forestell observa que, embora o mundo cripto facilite a transferência de dinheiro, a utilização em larga escala requer conectividade, e a Visa oferece a melhor porta de entrada para isso.

Via InvestNews

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Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.