Analistas apontam que a recente revisão para baixo na estimativa de produção de aglomerados de minério de ferro, incluindo pelotas e briquetes, da Vale (VALE3) para 2025, não deve gerar grandes alterações nas perspectivas da companhia. A mudança, segundo especialistas, terá um impacto pontual e restrito, visto que a produção de pelotas representa uma parcela menor do portfólio da empresa.
Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, ressaltou que a alteração nas projeções “atrapalha um pouco a perspectiva de resultado, mas o efeito é restrito”. Ele também destacou que o minério de ferro, principal produto da Vale, permanece com projeções inalteradas.
As ações da Vale (VALE3) tiveram um aumento de 3,6%, cotadas a R$ 55,28, impulsionadas pela alta nos preços futuros do minério de ferro, que registraram crescimento em todos os principais índices. A oferta diminuiu devido à redução dos embarques do Brasil e da Austrália, enquanto a produção de ferro-gusa apresentou aumento, o que fortaleceu o sentimento dos investidores.
O contrato de minério de ferro para agosto na Bolsa de Cingapura subiu 1,82%, atingindo US$ 94,9 por tonelada. Segundo a corretora Everbright Futures, os embarques dos maiores produtores tiveram um recuo, e as exportações globais também apresentaram uma leve queda. Em contrapartida, a produção de ferro-gusa segue com um aumento contínuo.
Na China, a atividade fabril demonstrou sinais de recuperação em junho, com os indicadores do PMI registrando o maior nível de produção desde novembro de 2024. A Vale atualizou suas estimativas de produção de aglomerados de minério de ferro para 2025, mencionando as condições atuais do mercado de pelotas.
A projeção anterior, que era de 38 a 42 milhões de toneladas, foi ajustada para 31 a 35 milhões de toneladas. A Vale informou que irá antecipar as manutenções na usina de pelotização de São Luís (MA) durante o terceiro trimestre de 2025. O pellet feed, que seria destinado à pelotização, será direcionado para a venda de finos de minério de ferro.
O Bradesco BBI estima que a Vale deverá reportar um Ebitda de US$ 3,6 bilhões no segundo trimestre de 2025, representando um crescimento de 12% em relação ao trimestre anterior. Apesar da recuperação, o resultado ainda deve ficar 10% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, impactado pelos menores preços do minério de ferro.
A expectativa do banco é que a produção de minério de ferro alcance 82 milhões de toneladas entre abril e junho, com um aumento de 22% em relação ao primeiro trimestre e de 2% na comparação anual. Os volumes de vendas devem somar 80 milhões de toneladas, um aumento de 21% no trimestre, mantendo-se estáveis em relação ao mesmo período de 2024.
No setor de Metais Básicos, a projeção do BBI é de um Ebitda de US$ 518 milhões, com uma queda de 6% em relação ao primeiro trimestre, mas um avanço de 27% na base anual.
A revisão nas projeções de aglomerados de minério de ferro pela Vale reflete um ajuste estratégico frente às dinâmicas do mercado, mas analistas indicam que o impacto geral nas finanças da companhia deve ser limitado, com o foco permanecendo na produção e venda de minério de ferro.
Via Money Times