Raul Vinicius, um jovem de 22 anos de São Paulo, tem chamado atenção com suas criações que mesclam funk com IA. Ele é o fundador da Blow Records, um selo que utiliza inteligência artificial para produzir versões contemporâneas de clássicos do funk. No TikTok, músicas como “Popotão Grandão” e “Só Quer Vrau” se tornaram trilhas sonoras de diversos vídeos, exibindo uma nova abordagem dos hits dos anos 50 a 80. A iniciativa começou como uma brincadeira, mas rapidamente se transformou em um fenômeno viral.
A Blow Records conseguiu impressionantes 60 milhões de visualizações no TikTok e 12 milhões no YouTube, além de 11 milhões no Instagram. Apesar do sucesso em visualizações, Vinicius revela que a monetização ainda é um desafio. Ele explica que “é tão baixa [a quantia] que não sei te dizer quanto já ganhei, mas ajuda a cobrir os custos da produção”. A conta do TikTok, com 136 mil seguidores, também não é monetizada, embora os vídeos de seus hits “Predador de Perereca” e “Casa dos Machos” tenham gerado quase 60 mil vídeos criados por outros usuários.
Além da popularidade, o mercado de música gerada por inteligência artificial promete crescimento significativo. Uma pesquisa recente prevê um aumento de US$ 3 bilhões na área até 2028. Plataformas como YouTube já estão experimentando a criação de novas músicas com a voz de artistas, mostrando uma tendência de maior integração entre funk com IA e a indústria musical.
Os direitos autorais são uma preocupação para Vinicius. Ele faz esforços para garantir que suas criações respeitem a propriedade intelectual. “Eu sempre tento fazer da melhor forma que for possível para lançar [no Spotify], conversando antes com os artistas e dando os devidos créditos”, diz. A Blow é seguida por artistas conhecidos como Mano Brown e Kevin O Chris e se dedica a formalizar as parcerias, por meio do compartilhamento de royalties.
Recentemente, a artista Pocah alcançou grande sucesso ao compartilhar uma versão de “Casa dos Machos”, após ser marcada por Vinicius. Esse ato levou o conteúdo ao status de viral e reforçou a relevância do uso consciente de tecnologia na música. “É uma maneira criativa de dialogar com outras gerações”, observa Pocah, enfatizando o respeito ao trabalho original.
Vinicius ainda guarda segredo sobre as ferramentas exatas que utiliza para criar suas músicas. Entretanto, ele revela que usa recursos como Freepik, Veo 3 e Midjourney para gerar imagens promocionais. Mesmo com o reconhecimento, ele prefere a privacidade, vivendo com os pais, que não têm total consciência do impacto que suas produções estão criando no meio musical.
A Blow Records e Vinicius representam uma nova era na música, onde a geração de conteúdo se mistura com a arte de maneira inovadora. Com a crescente adoção de funk com IA, é possível esperar que cada vez mais artistas explorem essas novas fronteiras criativas.
Via Exame