Rayssa de Melo e Thays Moura, após mais de uma década atuando em um banco de Brasília, decidiram empreender ao criar a Agree em 2022. Observando as dificuldades que trabalhadores do campo têm em obter crédito para agro, elas deixaram seus empregos estáveis para atuar nesse nicho. A fintech recebeu investimento do fundo Bela Juju Ventures e, em seu primeiro ano, movimentou R$ 800 milhões em transações. A meta é atingir R$ 1 bilhão em operações até 2025.
Com uma forte conexão com o agronegócio, as fundadoras foram inspiradas por sua experiência no atendimento a produtores rurais. Thays destacou que as dificuldades dos agricultores em acessar empréstimos foram determinantes para criar uma solução que realmente faça diferença. “Tínhamos o desejo de construir algo nosso, com propósito. Sabíamos que poderíamos unir nossa experiência técnica com tecnologia”, afirmou Rayssa.
A transição do setor bancário para o empreendedorismo não foi fácil, principalmente em um espaço dominado por homens. Para Thays, “nossa melhor resposta sempre foi a entrega. Quando mostramos resultados, a percepção muda”. Com mais de dez anos de conhecimento sobre o sistema financeiro e as regras de crédito para o agronegócio, elas conseguiram traçar um modelo de negócios sustentável.
As sócias desenvolveram uma plataforma que avalia o perfil do cliente e organiza toda a documentação necessária para apresentar às instituições financeiras. Atulamente, são cerca de 20 bancos parceiros. Utilizando tecnologia e inteligência artificial, a Agree centraliza e automatiza os dados, facilitando a tomada de decisão dos parceiros financeiros. Rayssa ressaltou que essa abordagem reduziu o retrabalho e acelerou o processo de aprovação.
A empresa não se limita apenas a fechar operações de crédito. Elas buscam também construir relações de longo prazo com os agricultores e as instituições financeiras. Um dos passos para alcançar o bilhão em transações é a criação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), que está em fase de estruturação. “Esse passo é estratégico para aumentarmos a flexibilidade na concessão de crédito”, explicou Thays.
Atualmente, mais de 200 agricultores são clientes da Agree, a maioria localizada em Goiás, Bahia e no Distrito Federal. O serviço também abrange revendas e cooperativas. Em termos práticos, a fintech capta recursos para diversos fins, como custeio e investimento em irrigação. O modelo de receita é baseado em uma taxa de sucesso pelo serviço prestado entre o banco financiador e o produtor.
Essencial para os trabalhadores do campo, o acesso ao capital financeiro por meio da Agree está ajudando a manter o fluxo de caixa e viabilizar novos investimentos. Rayssa afirmou que oferecer prazos mais longos e taxas competitivas ajuda os agricultores a reestruturarem suas finanças. Acreditar na ideia e ter coragem para começar foram conselhos compartilhados pelas fundadoras.
Para Thays, o início pode ser desafiador, mas o mais importante é dar o primeiro passo. “Você não precisa saber tudo no início; você precisa começar”. Este enfoque auxiliar no superamento das incertezas no setor, levando esperança e recursos essenciais para o agronegócio.
Via Exame