Em meio à ação penal que o acusa de liderar uma organização criminosa com o objetivo de tomar o poder em 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro, filiado ao PL, afirma que não pretende fugir do país nem buscar asilo em embaixada caso seja condenado. Seus advogados garantem que ele enfrentará o processo judicial na Suprema Corte, confiante em sua inocência.
Os criminalistas Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi, responsáveis pela Defesa de Bolsonaro, foram entrevistados pelo Estadão sobre essa batalha judicial. Apesar de reconhecerem a complexidade do caso, eles se preparam para apresentar seus argumentos. Bolsonaro é o principal alvo de uma acusação formal da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o associa a cinco crimes na tentativa de realizar um golpe de Estado.
A PGR descreve Bolsonaro como líder de um projeto autoritário com influência de setores militares. O procurador-geral Paulo Gonet buscou apresentar as acusações de forma clara, visando demonstrar o risco que Bolsonaro e seus aliados representaram para a democracia brasileira. A denúncia relaciona eventos desde 2021, marcados por discursos de ruptura institucional, até a invasão da Praça dos Três Poderes.
A Defesa de Bolsonaro alega que a insatisfação de parte dos eleitores após as eleições de 2022 gerou diversas especulações, mas nega qualquer participação do ex-presidente em um possível golpe. Segundo a defesa, Bolsonaro sempre priorizou medidas legais e pacíficas. A denúncia menciona uma reunião entre Bolsonaro, comandantes das Forças Armadas e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, em dezembro de 2022, como preparação para o golpe.
A Polícia Federal e a PGR afirmam que o plano golpista não avançou devido à falta de apoio da cúpula do Exército. O procurador-geral alega que Bolsonaro buscava apoio para uma insurreição. A Defesa de Bolsonaro contesta essa versão, argumentando que, se essa fosse a intenção, o ex-presidente teria substituído os comandantes que não aderissem ao plano e não teria realizado a transição de governo, nomeando novos comandantes indicados pelo presidente eleito.
A denúncia contra Bolsonaro e seus aliados foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde os ministros da Primeira Turma irão analisar as provas para decidir se abrem uma ação penal. O ministro Alexandre de Moraes é o relator do caso. Os advogados de Bolsonaro enfatizam que ele responderá a todas as etapas da investigação e da ação penal, mantendo o respeito ao sistema legal brasileiro, como sempre fez durante e após seu governo.
A Defesa de Bolsonaro assegura que ele não pedirá asilo em nenhuma embaixada, pois confia em sua inocência e enfrentará todos os desdobramentos do processo na Suprema Corte.