O cenário do consumo de chocolate no Brasil passa por mudanças notáveis em 2025. No Dia do Chocolate, celebrado em 7 de julho, dados do Intercontinental Exchange (ICE) e CME Group revelam que, apesar da presença do doce em 93% dos lares brasileiros, há uma queda no volume de chocolate adquirido. Os consumidores estão preferindo compras menores, refletindo uma mudança de hábitos.
Esse novo comportamento de compra está diretamente ligado à dramaticidade no aumento dos preços do cacau, cuja alta chegou a 174,7% em 2024. Como resultado, o consumo domiciliar de chocolate caiu 19% em volume no primeiro trimestre de 2025, enquanto o preço por quilo subiu 17%, pressionando cada vez mais o bolso dos consumidores. A diminuição no volume foi menos acentuada em unidades, caindo apenas 10%. Isso sugere uma estratégia dos consumidores em optar por porções menores; produtos com até 60 gramas, por exemplo, registraram um crescimento de 2%, enquanto as embalagens maiores diminuíram sua participação em 4,8%.
Essa adaptação ao novo cenário econômico é especialmente visível entre as classes sociais, atingindo também consumidores acima de 40 anos. Muitas dessas pessoas, que anteriormente eram grandes apreciadores de chocolate, agora estão mais cautelosas em suas compras, buscando alternativas mais acessíveis. O chocolate, antes um produto praticamente indispensável, começa a perder espaço para doces como leite condensado, creme de leite e bolos industrializados, demonstrando assim uma mudança nos hábitos alimentares.
Adicionalmente, a crise mundial do cacau e a desvalorização do real em relação ao dólar — que variou de R$ 5 para R$ 5,80 em um único ano — elevaram ainda mais os preços do chocolate no Brasil, alcançando níveis recordes. Na Páscoa de 2025, o aumento médio foi de 18,9%, uma das maiores altas já registradas.
Apesar desse cenário desafiador, o chocolate continua a ser um item importante na mesa dos brasileiros. Dados da Kantar Worldpanel mostram que a penetração do chocolate nos lares subiu de 85,5% em 2020 para 92,9% em 2024. O consumo médio por pessoa chega a 3,9 kg por ano, o que representa o maior índice dos últimos cinco anos.
Diante desses desafios, o setor precisa se reinventar. Para reconquistar o consumidor, é fundamental oferecer alternativas que combine inovação e preços mais acessíveis. A busca por experiências que agreguem valor ao chocolate vai além da mera satisfação da vontade. Como destaca Yuri Parra, gerente de contas da Worldpanel by Numerator, a combinação de altos preços e mudanças no comportamento do consumidor exige que a indústria de chocolates encontre formas de se adaptar às novas demandas do mercado.
Via Exame
