No dinâmico mundo dos negócios, a Heineken demonstra que sustentabilidade e lucratividade podem caminhar juntas. Marcas como Praya, Mamba Water e Baer-Mate impulsionam o crescimento de uma unidade focada em sustentabilidade, gerando um impacto significativo nas finanças da empresa. Desde o início de 2024, essa vertente já faturou R$ 265 milhões, provando que investir em causas ambientais e sociais pode ser um excelente negócio de impacto.
A cervejaria aplicou R$ 150 milhões na criação de um “ecossistema de impacto” chamado Heineken Spin. Essa área integra iniciativas pré-existentes e novos projetos, todos alinhados com agricultura regenerativa, circularidade, marcas de impacto e energia renovável. Rafael Rizzi, diretor da Heineken Spin, destaca que as marcas são o principal motor de crescimento e receita dessa unidade, dada a sua proximidade com o *core business* da empresa.
A colaboração com a Better Drinks, focada em princípios ESG (Ambiental, Social e Governança), trouxe ao cardápio da Heineken a cerveja Praya, a água enlatada Mamba Water e o chá mate gaseificado Baer-Mate. Essa parceria estratégica permitiu que a produção dessas bebidas quadruplicasse, elevando a distribuição comercial de 10 mil para 60 mil pontos de venda entre 2024 e 2025. Parte desse avanço se deve à crescente demanda por bebidas não alcoólicas, impulsionada por mudanças no comportamento dos consumidores.
Além do aumento nas vendas, as “marcas de impacto” também se destacam por seu envolvimento em iniciativas socioambientais. A Mamba Water, por exemplo, utiliza embalagens de alumínio, um material amplamente reciclado, em vez das tradicionais garrafas PET. A marca também se compromete a doar 1 litro de água potável para comunidades carentes a cada lata vendida, em parceria com o Sistema Integrado de Saneamento Rural (Sisar).
A filosofia por trás dessas iniciativas é clara: transformar problemas de negócio atrelados a necessidades sociais ou ambientais em oportunidades para melhorar os resultados e gerar impacto positivo. Rizzi explica que a abordagem ideal é encontrar soluções que resolvam tanto os desafios estratégicos da empresa quanto os problemas sociais e ambientais, sem demandar investimentos adicionais, gerando receita para reinvestimento.
Um exemplo prático dessa abordagem é a produção de cerveja, que consome grandes quantidades de água. Para garantir o reabastecimento hídrico por meio dos aquíferos, a Heineken, em parceria com a Rizoma Agro, plantou 200 mil mudas nativas da Mata Atlântica em 142 hectares ao redor da fábrica. Essa ação não só aumenta a umidade da região e reduz a erosão do solo, mas também compensa as emissões de carbono da empresa e gera créditos de carbono para venda futura.
A circularidade do vidro é outro ponto chave. A Heineken, uma das maiores vendedoras de embalagens de long neck no país, enfrentava desafios na reciclagem desse material, que possui baixo valor agregado e dificuldades de transporte. Para solucionar esse problema, a empresa inaugurou hubs de reciclagem em Pernambuco, Bahia e Espírito Santo, com planos de expandir para Alagoas. Nesses centros, o vidro é limpo, tratado e selecionado, garantindo um valor justo para catadores e cooperativas, fomentando um benefício social e a renda familiar.
No setor de energia, a cervejaria estabeleceu parcerias com a Ultragaz e Raízen Power, firmando 45 mil contratos de energia renovável. Essa iniciativa já proporcionou uma economia de R$ 23 milhões aos participantes do programa em três anos. Adicionalmente, um parque eólico no Ceará, inaugurado em 2018, evitou a emissão de aproximadamente 40 mil toneladas de carbono, gerando uma economia média de R$ 6 milhões por ano para o grupo.
Ao integrar sustentabilidade e estratégia de negócios, a Heineken não apenas fortalece sua imagem, mas também assegura um crescimento financeiro sustentável a longo prazo. A empresa demonstra que é possível gerar valor para a sociedade e para os acionistas, consolidando um modelo de negócio de impacto que pode inspirar outras empresas.
Via InfoMoney