O declínio da hipofagia, ou consumo de carne de cavalo, na Europa medieval é tradicionalmente associado a proibições religiosas. No entanto, novas evidências históricas revelam que essa prática persistiu por mais tempo do que se acreditava, desafiando a narrativa convencional. Contrariamente ao que se pensava, o consumo de carne de cavalo só começou a diminuir significativamente a partir do século XIII.
Estudos recentes mostram que a hipofagia era comum entre os povos germânicos e escandinavos, com rituais religiosos envolvendo o sacrifício de cavalos. A Igreja Católica, desde o século VIII, tentou erradicar essas práticas consideradas pagãs, proibindo o consumo de carne de cavalo. Apesar dessas proibições, a hipofagia persistiu em diversas regiões da Europa.
A persistência da hipofagia é evidente em registros arqueológicos e documentos históricos. Em algumas regiões, como a Escandinávia e partes da Europa Oriental, o consumo de carne de cavalo manteve-se relativamente comum até a Idade Média tardia. A análise de ossos de animais encontrados em sítios arqueológicos revela a presença de restos de cavalos consumidos como alimento.
O declínio da hipofagia não ocorreu de forma uniforme em toda a Europa. Fatores culturais, econômicos e ambientais influenciaram a persistência ou o abandono dessa prática. Em áreas onde a criação de cavalos era importante para a agricultura e o transporte, o consumo de carne de cavalo pode ter sido menos comum devido ao valor econômico dos animais.
A mudança nas atitudes em relação ao cavalo também contribuiu para o declínio da hipofagia. Com o desenvolvimento da cavalaria e o uso crescente de cavalos em atividades militares e de lazer, o animal passou a ser visto como um companheiro nobre, em vez de uma fonte de alimento. Essa mudança cultural refletiu-se nas práticas alimentares da época.
A crescente influência da Igreja Católica e a consolidação do cristianismo na Europa medieval também desempenharam um papel importante no declínio da hipofagia. À medida que a Igreja ganhava poder, suas proibições contra o consumo de carne de cavalo tornavam-se mais eficazes. A disseminação de valores cristãos e a imposição de normas alimentares contribuíram para a gradual erradicação dessa prática.