Radioatividade na areia do Saara é consequência dos testes nucleares da Guerra Fria

Radioatividade na areia do Saara: estudo revela vestígios de testes nucleares da Guerra Fria. Descubra a origem da contaminação e os potenciais impactos. Saiba mais!
31/01/2025 às 21:31 | Atualizado há 4 meses
Radioatividade na areia do Saara
Radioatividade na areia do Saara

Um estudo recente investigou a Radioatividade na areia do Saara, revelando vestígios de testes nucleares da Guerra Fria. A pesquisa, conduzida por Yangjunjie Xu, analisou amostras de areia que chegaram à Europa após uma tempestade em 2022. Surpreendentemente, a radioatividade encontrada não é de origem francesa, apesar dos testes realizados pela França na região argelina do Saara na década de 1960.

A equipe de cientistas, preocupada com os potenciais riscos à saúde pública, coletou 110 amostras de areia. Destes, 53 amostras da região de Reggane, Argélia, foram consideradas adequadas para análise. A pesquisa buscou determinar se a areia representava uma ameaça semelhante à enfrentada pelos argelinos durante os testes franceses. As análises revelaram níveis baixos de radioatividade, insuficientes para representar um risco à saúde, de acordo com os padrões da União Europeia.

A tempestade de areia de março de 2022, que transportou a areia radioativa até a Europa, foi um evento de grande magnitude. Os pesquisadores atribuem a tempestade a anomalias meteorológicas, previstas para se tornarem mais frequentes devido às mudanças climáticas. Um estudo semelhante, tentado em 2021, não obteve sucesso devido à quantidade insuficiente de poeira coletada. Em 2022, a equipe contou com a ajuda de “cidadãos cientistas” em diversos países europeus que enviaram amostras de poeira.

Embora a França seja o único país a ter realizado testes nucleares no Saara, a assinatura radioativa encontrada na areia aponta para os EUA e a União Soviética. Os testes franceses produziram isótopos de plutônio em níveis inferiores a 0,07. A areia do Saara, no entanto, apresentou um nível médio de 0,187, consistente com a assinatura dos testes americanos e soviéticos. Essa discrepância também é observada nas proporções de césio.

A presença de radiação de testes realizados a milhares de quilômetros de distância ressalta o impacto global das detonações nucleares. Os testes atmosféricos liberam radiação na atmosfera da Terra. EUA e URSS, com seus extensos programas de testes, são os principais contribuintes para a radiação atmosférica global. A União Soviética conduziu testes no Cazaquistão e em Novaya Zemlya, enquanto os EUA realizaram a maioria de seus testes em Nevada e nas Ilhas Marshall.

A pesquisa continua, com foco agora no hemisfério sul, particularmente na América do Sul, incluindo o Brasil. Embora a região não tenha sediado testes nucleares, os cientistas suspeitam de contaminação por explosões nos oceanos Atlântico e Pacífico, semelhante ao observado no Saara. O Projeto AVATAR, uma colaboração franco-suíça, investigará vestígios de isótopos radioativos nas bacias dos rios Uruguai e Catamayo, buscando entender a extensão da contaminação radioativa nessas áreas.

Via Superinteressante

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.