Países árabes aumentam importação de produtos agro do Brasil

Mercado árabe procura produtos brasileiros devido a tarifas dos EUA.
10/08/2025 às 11:42 | Atualizado há 4 dias
Exportação para países árabes
Países árabes buscam ampliar compras do Brasil em resposta ao tarifaço dos EUA. (Imagem/Reprodução: Moneytimes)

Diante das tarifas elevadas dos Estados Unidos, os países árabes estão olhando para o Brasil como uma alternativa para a importação de produtos do agronegócio. Um estudo recente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira revelou que 13 produtos brasileiros têm grande potencial para serem exportados, incluindo café verde e carne bovina, com a Arábia Saudita e o Egito se destacando como mercados promissores.

O relatório mostra que o Brasil tem uma vantagem competitiva nas tarifas de importação, com alguns produtos, como café não torrado, entrando nos países árabes com impostos zerados. Isso contrasta fortemente com as altas tarifas americanas, que podem chegar a 50%. Em 2024, as exportações para o mercado árabe atingiram um recorde de US$ 23,68 bilhões, tornando-se uma oportunidade atraente para diversificar as fontes de produtos brasileiros.

Além dos produtos já em destaque, a Câmara Árabe ressalta que há espaço para novos itens, como semimanufaturados de ferro e aço. Com um plano de ações focado na facilitação do comércio e investimento, o Brasil pretende fortalecer sua imagem como um fornecedor confiável. O Mercosul também busca acordos comerciais com países árabes, ampliando ainda mais as oportunidades no mercado.
Com o aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos, os países árabes estão buscando no Exportação para países árabes uma alternativa para diversificar suas fontes de produtos. Um estudo da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira identificou os produtos brasileiros mais impactados pelas tarifas americanas e mapeou oportunidades de exportação para os 22 países da Liga Árabe. O agronegócio brasileiro se destaca como um setor com grande potencial nesse novo cenário.

O estudo da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira identificou 13 produtos brasileiros com grande potencial para Exportação para países árabes. Para cada um desses produtos, a Câmara indicou três países árabes promissores para aumentar as vendas. O café verde é um dos destaques, com um grande volume já exportado, mas com potencial para crescer ainda mais em países como Arábia Saudita, Kuwait e Argélia.

A Arábia Saudita, por exemplo, importa US$ 400 milhões em café anualmente, mas apenas US$ 49,12 milhões vêm do Brasil, mostrando uma grande oportunidade para expansão. Outro produto com grande potencial é a carne bovina, com Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita sendo mercados promissores para aumentar as compras.

O Egito importa US$ 927,12 milhões em carne bovina, dos quais apenas US$ 273,07 milhões são do Brasil. Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,211 bilhão em carne bovina para os países árabes, superando os US$ 885 milhões exportados para os Estados Unidos.

Além dos produtos já exportados, há outros com potencial de entrada no mercado árabe, como produtos semimanufaturados de ferro ou aço e madeira de coníferas. Bulldozers, angledozers, carregadoras e pás carregadoras também são itens com alta demanda nos países árabes e que o Brasil pode começar a exportar.

Uma vantagem competitiva para o Brasil é a tarifa de importação. O café não torrado, por exemplo, pode entrar nos países árabes com tarifa zero, enquanto os Estados Unidos cobram 50%. Para carne bovina congelada, as tarifas árabes variam de 0% a 6%, contra 50% nos EUA. O açúcar também se beneficia, com tarifas de 0% a 20% nos países árabes, comparado aos 50% nos EUA.

Produtos semimanufaturados de ferro e aço enfrentam uma tarifa de 50% nos Estados Unidos, enquanto no mercado árabe essa taxa varia de 0% a 12%. Até mesmo o petróleo refinado, um dos principais produtos exportados do Brasil para os EUA, enfrenta uma tarifa de 50% para entrar no mercado americano, enquanto nos países da Liga Árabe a tarifa é de apenas 5%.

A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira destaca que há uma crescente demanda nos países árabes por produtos brasileiros com tarifas reduzidas, variando de 0% a 30%. Essa situação, combinada com as tarifas elevadas nos Estados Unidos, representa uma excelente oportunidade para o Brasil redirecionar e expandir suas exportações.

Em 2024, as exportações brasileiras para os países árabes atingiram um recorde de US$ 23,68 bilhões, com um superávit de US$ 13,50 bilhões para o Brasil. Emirados Árabes Unidos, Egito e Arábia Saudita lideram as importações de produtos brasileiros. A expectativa para este ano é de estabilidade ou leve crescimento nas exportações para a Liga Árabe.

Os produtos do agronegócio representam 76% das exportações brasileiras para o bloco árabe. Os principais produtos são açúcar, frango, minério de ferro, milho e carne bovina. O Brasil é o principal fornecedor de vários produtos para o mercado árabe, incluindo gado, carne suína, carne de frango, milho, soja em grãos, amendoim, gordura de bovino, ceras vegetais, açúcar, suco de laranja congelado, tabaco, minério de ferro, minério de alumínio, celulose e resíduos de estanho.

A Câmara Árabe enfatiza que a pauta comercial entre Brasil e países árabes é complementar, com o Brasil importando petróleo e fertilizantes e exportando commodities agrícolas e alimentos. A Câmara também planeja fortalecer a imagem do Brasil como um fornecedor confiável, com produtos de qualidade e preços competitivos, ressaltando a importância da segurança alimentar para os países árabes.

Para impulsionar ainda mais as exportações brasileiras para os países árabes, a Câmara Árabe sugere ao governo brasileiro um plano de ações focado em sensibilização, diversificação do comércio e facilitação. O plano inclui ações coordenadas entre a Câmara Árabe, empresas brasileiras e o governo para maximizar o redirecionamento dos fluxos comerciais.

Entre as medidas propostas estão a promoção comercial de produtos com tarifas atrativas e alta demanda no mercado árabe, o apoio à adaptação das empresas brasileiras às exigências locais, como a certificação halal, e o fortalecimento de acordos comerciais e diplomáticos. A facilitação de vistos de negócios para empresários brasileiros e árabes, a organização de missões comerciais e a atração de investimentos também são ações importantes.

A Câmara Árabe também destaca a importância de o Mercosul fechar acordos de livre comércio com os países árabes. Atualmente, há negociações em andamento com Tunísia, Marrocos, Jordânia, Líbano e o Conselho de Cooperação do Golfo. O acordo comercial entre Egito e Mercosul, firmado em 2010, é um exemplo de sucesso, tendo quase dobrado as exportações brasileiras para o Egito desde então.

Diante do cenário de tarifas elevadas nos Estados Unidos, os países árabes representam uma alternativa promissora para o Brasil expandir suas exportações, especialmente no setor do agronegócio. Com tarifas mais competitivas e uma demanda crescente por produtos brasileiros, o mercado árabe oferece grandes oportunidades para o Brasil diversificar suas exportações e fortalecer suas relações comerciais.

Via Money Times

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.