As recentes divulgações do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos EUA, referentes ao mês de julho, estão em linha com as projeções do mercado. Essa situação, somada à falta de impactos significativos das tarifas comerciais de Donald Trump, fortaleceu as expectativas de um possível corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em setembro. Entretanto, economistas demonstram cautela quanto à sustentabilidade desse cenário.
O CPI apresentou um aumento de 0,2% em julho, ligeiramente abaixo dos 0,3% registrados em junho, mantendo um avanço de 2,7% nos últimos 12 meses. A economista Claudia Rodrigues, do C6 Bank, destacou que a alta nos preços dos serviços acelerou, apontando para uma inflação persistente nesse setor, enquanto os bens industriais mantiveram o crescimento anterior.
A perspectiva de uma inflação alta deverá manter o Fed em alerta. Novos dados sobre inflação e mercado de trabalho, aguardados para setembro, serão fundamentais para determinar as próximas medidas do Fed. Especialistas acreditam que o corte de juros poderá ocorrer, mas a evolução dos indicadores econômicos é essencial para decisões futuras.
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As recentes divulgações do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos Estados Unidos, referentes ao mês de julho, vieram em linha com as projeções do mercado. Esse cenário, aliado à ausência de impactos significativos das políticas comerciais de Donald Trump nos preços domésticos, fortaleceu a expectativa de um possível Corte de juros nos EUA pelo Federal Reserve (Fed) já em setembro. Contudo, economistas e analistas permanecem cautelosos, questionando a sustentabilidade desse quadro.
O CPI apresentou um aumento de 0,2% no último mês, um leve decréscimo em relação ao aumento de 0,3% registrado em junho. Olhando para os últimos 12 meses, o índice demonstra um avanço de 2,7%, mantendo-se estável em comparação com junho e ligeiramente abaixo das estimativas iniciais. A análise das tendências futuras requer um exame mais detalhado de categorias específicas de produtos e serviços.
Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, identificou um ponto de atenção ao analisar o núcleo do CPI, que exclui energia e alimentos. Observou-se que a alta nos preços dos serviços acelerou de 0,2% em junho para 0,4% em julho, indicando uma persistência da inflação nesse setor. Paralelamente, os bens industriais mantiveram o ritmo de crescimento do mês anterior, impulsionados pelos preços de móveis e veículos usados.
Apesar disso, Rodrigues pondera que as novas tarifas de importação impostas pela administração Trump ainda não exerceram um impacto considerável na inflação americana. Ela adverte que esse efeito pode se manifestar nos próximos meses, mesmo com negociações temporárias de redução nas tarifas recíprocas entre alguns países, como a China. A alíquota média permanece elevada, superando os níveis observados antes do governo Trump.
Qual o impacto dessas informações na política monetária? Segundo a economista do C6 Bank, a perspectiva de uma inflação mais alta deve manter o Fed em alerta. A expectativa é que as taxas de juros permaneçam no patamar atual, entre 4,25% e 4,5%, até o final de 2025, embora os dados do mercado de trabalho aumentem as chances de flexibilização na próxima reunião.
Novos dados sobre inflação e mercado de trabalho (payroll), previstos para setembro, serão cruciais para determinar os próximos passos do Fed. Andressa Durão, economista do ASA, também apontou divergências setoriais no CPI, com os serviços superando as expectativas e os bens desapontando. Ela prevê revisões nas projeções do mercado para o índice de preços de consumo (PCE) de julho, dependendo dos resultados do índice de preços ao produtor (PPI) e dos preços de importação.
Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, avalia que os dados de julho indicam um impacto modesto das tarifas comerciais. O mercado reagiu positivamente, com os índices futuros dos EUA em alta, indicando que o Fed pode manter sua cautela, mas corroborando as expectativas de Corte de juros nos EUA em setembro, impulsionando ativos de risco e um ambiente de negócios mais dinâmico.
A desaceleração gradual da inflação afasta os temores de estagflação, sem justificar uma mudança radical na política monetária. Seema Shah, estrategista-chefe da Principal Asset Management, observa que, apesar do retorno da inflação básica anual ao nível mais alto desde fevereiro, os dados do CPI não são altos o suficiente para impedir o Fed de reduzir as taxas em setembro. Ela ressalva que a preocupação do Fed reside no aumento da inflação induzido pelas tarifas, o que pode ocorrer justamente quando o banco central começar a retomar os cortes nas taxas.
A decisão de Corte de juros nos EUA em outubro e dezembro pode ser mais complexa, de acordo com Seema Shah. A análise dos dados de inflação, divulgados recentemente, sugere que o Fed poderá implementar a redução das taxas sem grandes obstáculos no próximo mês. Este cenário, no entanto, pode se alterar conforme novos indicadores econômicos forem sendo divulgados, exigindo uma abordagem mais cautelosa nas próximas decisões do comitê.
Via InfoMoney
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