Petrobras pode passar por ajuste drástico se preço do petróleo cair, alerta gestora

Gestora aponta riscos na Petrobras e necessidade de ajuste se petróleo continuar a cair.
13/08/2025 às 07:21 | Atualizado há 1 mês
Ajuste na Petrobras
Vista Capital se desfaz de sua posição em Petrobras, liderada por João Landau. (Imagem/Reprodução: Braziljournal)

A gestora Vista Capital alterou sua posição em relação à Petrobras, passando de comprada para vendida. Essa mudança reflete preocupações sobre a saúde financeira da estatal e os riscos de governança. O CIO João Landau destacou a falta de segurança, lembrando momentos críticos do passado.

Nos últimos anos, a Petrobras viu melhorias na gestão e resultados, mas a necessidade de ajuste se torna evidente. A sua política de dividendos, financiados por endividamento crescente, é considerada insustentável. Segundo a gestão, os investimentos são limitados e a companhia pode enfrentar dificuldades financeiras.

Com o barril de petróleo em queda, a geração de caixa da Petrobras já é mínima. Se o preço cair ainda mais, cortes nos dividendos e investimentos serão obrigatórios. A análise da Vista Capital sugere que o modelo de leasing está mal implementado, e os riscos de governança significam que a empresa poderá enfrentar um futuro desafiador.
A gestora carioca Vista Capital, liderada pelo CIO João Landau e tendo Persio Arida como sócio conselheiro, mudou sua posição em relação à Petrobras. Anteriormente com uma posição comprada, a gestora agora está vendida no papel, citando riscos crescentes que podem levar a discussões sobre a solvência da empresa, relembrando o período Dilma. Essa mudança estratégica reflete uma nova avaliação dos desafios enfrentados pela estatal.

Landau, em uma carta recente, explicou que manteve uma posição comprada na Petrobras por quase seis anos, aproveitando os altos dividendos, mesmo com os riscos de governança que persistiam desde a Lava Jato. Nos últimos anos, a diversificação dos negócios e a melhoria na gestão trouxeram maior estabilidade aos resultados, apesar da pressão constante do Executivo e das frequentes trocas de CEOs. No entanto, a Vista Capital agora vê o cenário de forma diferente.

A gestora aponta que, embora existam sinais de deterioração na governança e investimentos questionáveis, como a expansão em Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o fator mais relevante é a falta de margem de segurança. Os resultados do segundo trimestre ilustram essa situação: com o petróleo a R$ 385 por barril, a Petrobras gerou R$ 42,5 bilhões de caixa operacional, mas consumiu R$ 38,1 bilhões com capex, leasing e juros, resultando em uma geração líquida de caixa próxima de 1% no trimestre.

Apesar disso, a empresa optou por pagar dividendos quase duas vezes superiores à geração de caixa, financiados pelo aumento do endividamento. Segundo a Vista Capital, essa política de dividendos tornou-se insustentável com os compromissos de leasing e capex de longo prazo, que superam R$ 140 bilhões por ano. A Petrobras deixou de ser uma produtora de baixo custo devido ao peso estrutural de leasing e capex.

A decisão de não produzir plataformas no Brasil resultou em uma política financeira arriscada, onde o caixa destinado a investimentos está sendo usado para pagar dividendos, enquanto os gastos com leasing continuarão pelas próximas décadas. O modelo de afretamento (leasing) é subavaliado, superestimando a capacidade da Petrobras de investir e distribuir dividendos. Isso torna o Ajuste na Petrobras inevitável caso o preço do petróleo caia.

Com o preço do petróleo em torno de US$ 70 por barril, a geração de caixa livre já atingiu níveis mínimos. Se o preço do barril cair ainda mais, a empresa será forçada a cortar dividendos e reduzir investimentos, ou enfrentar discussões sobre sua solvência, como no período Dilma. A Vista Capital diverge do consenso do mercado em três pontos principais.

Primeiro, o leasing é mal incorporado aos modelos, distorcendo a análise de fluxo de caixa e focando apenas no dividendo de curto prazo. Segundo, os riscos de governança estão aumentando com a aproximação do ciclo eleitoral. Terceiro, a incerteza estrutural sobre o preço do petróleo é maior, e em um cenário de excesso de oferta global, o ajuste tende a ocorrer com a queda do preço, eliminando os produtores de maior custo.

Ao contrário de ciclos anteriores, uma vitória da centro-direita em 2026 não resolveria essas fragilidades. A crescente exposição ao câmbio e o baixo desconto de governança limitam o potencial de valorização. A ação PN da Petrobras fechou ontem a R$ 30,80.

Via Brazil Journal

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.