Com a COP30 se aproximando em Belém, os povos indígenas estão se organizando para garantir suas vozes nas negociações climáticas. Eles lutam por um papel ativo, especialmente diante de ameaças a seus territórios e às pressões que enfrentam devido a invasões e exploração econômica.
Janete Alves, líder do povo Desana, destacou a importância da presença indígena na cúpula. A mobilização das comunidades indígenas visa mostrar ao mundo que defender a floresta significa proteger a vida e os serviços ambientais que elas oferecem, essenciais para todos.
Apesar do reconhecimento do trabalho indígena na conservação da Amazônia, eles exigem que suas propostas sejam consideradas nas decisões climáticas. Numa luta constante contra a mineração ilegal e a falta de apoio governamental, suas vozes se fortalecem com iniciativas como o projeto Origens Brasil, que busca promover relações comerciais justas.
Com a aproximação da cúpula do clima da ONU, marcada para ocorrer em Belém, os povos indígenas na COP30 estão se organizando para garantir que suas vozes sejam ouvidas nas negociações climáticas. Esses povos buscam um papel mais ativo na discussão, especialmente em um momento em que projetos legislativos em tramitação no Brasil ameaçam seus territórios. Suas terras já enfrentam pressões decorrentes de invasões, mineração ilegal, exploração madeireira e atividades do narcotráfico.
Janete Alves, líder do povo Desana, enfatizou a relevância da presença indígena: “A floresta só existe graças aos povos indígenas”. Ela destacou que as comunidades amazônicas estão mobilizando forças em níveis regional, nacional e internacional para apresentar uma posição coesa na cúpula de novembro, na capital paraense.
Além de lidar com a crise ambiental, incluindo a pior seca e a maior temporada de incêndios desde 2010, as comunidades indígenas reforçam o papel crucial que desempenham na conservação das florestas e no cuidado com o meio ambiente. A mobilização visa mostrar ao mundo que defender a floresta é defender a vida.
Organizações indígenas ressaltam que sua participação nas discussões não deve ser meramente simbólica. Mesmo sem direito a voto, eles exigem que suas propostas sejam levadas em consideração nas decisões climáticas globais. As informações da plataforma MapBiomas revelam que, entre 1985 e 2023, apenas 1,2% da vegetação nativa em terras indígenas foi desmatada, em contrapartida a 19,9% em áreas privadas.
O cenário, no entanto, é complicado pelas ameaças contínuas de garimpeiros e madeireiros, que frequentemente avançam sem que o Estado consiga contê-los. Além disso, a regularização de muitos territórios ainda permanece pendente, com 158 dos 632 territórios indígenas oficiais no Brasil apenas em fase de estudo, podendo levar até 40 anos para serem homologados.
A pressão para abrir terras indígenas para mineração e exploração de gás está aumentando, com projetos de lei em discussão que visam viabilizar obras de infraestrutura. Exemplos devastadores já existem, como o do povo Yanomami, que enfrenta contaminação por mercúrio devido à mineração ilegal.
Janete Alves reclamou da falta de apoio governamental para defensores de suas terras, mencionando que na região do Rio Negro, os recursos vêm principalmente de ONGs internacionais. “Esta é uma região grande, que precisa de cuidado, de presença. Não tem sido fácil”, afirmou.
O trabalho dos povos indígenas na conservação da Amazônia é reconhecido, mas ainda carece de um reconhecimento mais amplo de seus papéis na prestação de serviços ambientais, que beneficiam não apenas suas comunidades, mas a todos. Organizações como o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) observam que esses povos têm uma relação tradicional com a floresta, entendendo-a como um legado para as próximas gerações.
Entre as iniciativas locais, destaca-se o projeto Origens Brasil, que fomenta relações comerciais éticas; em 2024, o projeto movimentou mais de R$ 8,6 milhões em transações de produtos de origem indígena. Com 4.800 produtores registrados, essa rede inclui 88 organizações e 41 empresas.
Debates sobre a sustentabilidade das florestas e a colaboração com comunidades locais serão temas centrais no III Fórum Latino-Americano de Economia Verde, programado para o dia 4 de setembro em São Paulo, com a participação de autoridades e especialistas.
Via Exame