Os fundos de pensão no Brasil encerraram 2024 com a menor alocação em bolsa da história, apenas 5% do total de R$ 1,2 trilhão. Essa significativa queda desde os 22% de 2007 mostra uma mudança no perfil de investimento, com 92% em renda fixa, impulsionada por altas taxas da Selic.
Um estudo recente revelou que a maioria dos fundos tem optado por perfis de alocação mais conservadores. A pesquisa feita pela gestora Ártica mostrou que muitos fundos tiveram desempenho inferior ao Ibovespa. Isso gera uma tendência de alocação que pode se tornar pró-cíclica, onde investidores minimizam a exposição em momentos de baixa.
Com a expectativa de queda da Selic, há uma possibilidade de aumento na alocação em bolsa. No entanto, gestores ainda enfrentam dificuldades para diversificar em novas áreas como private equity e small caps, devido à rigidez nas políticas de investimento.
Os fundos de pensão no Brasil fecharam o ano de 2024 com a menor alocação em bolsa da história, representando apenas 5% do total de R$ 1,2 trilhão sob sua gestão. Este percentual demonstra uma queda significativa desde o pico de 22% registrado em 2007, com um valor de 7% observado em 2023. A maior parte dos recursos, cerca de 92%, está alocada em renda fixa, impulsionada pelas taxas da Selic e pelas NTN-Bs.
Um estudo conduzido pela gestora Ártica e pela consultoria Aditus, com base em dados da Abrapp, ouviu 23 fundações que juntas administram mais de R$ 300 bilhões. As fundações responderam a 70 perguntas sobre o processo decisório de investimentos, revelando fatores que influenciam a baixa alocação em bolsa, indo além do conservadorismo tradicional do setor.
Raphael Castilho, sócio da Ártica, destacou que os fundos de benefício definido estão com duration curto, o que torna menos interessante alocar em ativos mais arriscados. Ele também observou que os beneficiários finais têm optado por perfis de alocação mais conservadores e que muitos fundos de ações tiveram desempenho inferior ao Ibovespa, justificando essa movimentação.
Na indústria de fundos de investimento, a alocação média em renda variável também está em um dos patamares mais baixos, com 8,3%, próximo das mínimas históricas de 7,8% no final de 2024 e de 7,4% durante a crise de 2016, conforme dados do BTG Pactual. Bernardo Fusato, também sócio da Ártica, aponta para uma mudança estrutural, com a diminuição dos fundos de benefício definido e o aumento dos planos de contribuição variável e definida, nos quais os investidores têm maior poder de decisão sobre a alocação.
Essa mudança, segundo Fusato, leva o passivo do segmento a adotar um comportamento pró-cíclico, semelhante ao de um investidor pessoa física na Bolsa, com alocação mínima nos momentos de baixa e máxima nos momentos de alta, o oposto do que seria ideal. Ele acredita que, com a Selic começando a cair, pode haver um aumento na alocação em bolsa no início do próximo ano, à medida que os fundos revisarem suas políticas de investimento.
Apesar de os gestores indicarem que faltam opções de investimentos em private equity, venture capital e small caps no Brasil, eles não necessariamente investirão nessas áreas. As políticas de investimento da maioria dos fundos são definidas no final de cada ano, estabelecendo os percentuais de alocação em cada classe de ativos. O sistema de remuneração dos gestores possui um percentual variável, mas a avaliação é feita anualmente, o que dificulta uma alocação de longo prazo em ativos como ações ou private equity.
Via Brazil Journal