Economistas discutem alívio temporário da inflação no Brasil

Entenda as explicações de economistas sobre a queda recente da inflação no Brasil e seus possíveis efeitos futuros.
09/09/2025 às 07:41 | Atualizado há 2 semanas
Inflação da economia
Deflação em agosto e cortes constantes nas projeções de inflação refletem a tendência econômica. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

Os últimos dados sobre a inflação no Brasil mostram uma queda nos índices, com uma prévia de deflação de 0,14% em agosto. Economistas discutem se essa tendência será passageira ou indicará uma redução consistente e duradoura. A pressão inflacionária ainda está presente, refletindo mudanças no mercado e na economia nacional.

A XP aponta que a média dos núcleos de inflação caiu de 6% para 4,5%, longe da meta de 3% do Banco Central. Fatores como a desvalorização do real e as políticas de estímulo estão influenciando a desaceleração da economia. As expectativas variam entre projeções de deflação e crescimento moderado, refletindo inseguranças no mercado.

Embora a política monetária restritiva do Banco Central comece a impactar a inflação, as pressões por gastos públicos elevados podem limitar a sua eficácia. A situação econômica está em constante mudança, e muitas variáveis, incluindo o cenário político e internacional, vão definir os rumos da inflação nos próximos anos.
Os dados recentes sobre Inflação da economia no Brasil revelam um cenário de queda nos indicadores e projeções de economistas, com a prévia da inflação de agosto indicando deflação de 0,14%. O Boletim Focus também reduziu o índice por 14 semanas consecutivas. A questão central é se esse movimento é passageiro ou sinaliza uma tendência de redução mais consistente.

O relatório macroeconômico da XP destaca que a média dos núcleos de inflação tem demonstrado uma reversão de alta nos últimos meses, passando de 6% no primeiro trimestre para 4,5% atualmente, embora ainda distante da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central. A desaceleração econômica é gradual, influenciada pela dissipação da valorização do real, pela perda de fôlego da atividade doméstica no segundo trimestre, pelo mercado de trabalho aquecido e pelas medidas de estímulo governamentais.

A Warren estima que o IPCA de agosto apresente deflação de -0,17%, acumulando 5,17% nos últimos 12 meses. Para setembro, a gestora projeta um índice de +0,73%. A Buysidebrazil, por sua vez, projeta uma deflação de -0,18% para agosto. Essa redução da Inflação da economia no curto prazo reflete fatores como a diminuição da energia elétrica, o aumento da oferta de produtos devido ao “tarifaço” (especialmente carnes e frutas) e o bônus de Itaipu, que compensou a alta dos preços causada pela bandeira vermelha.

Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, aponta que a Inflação da economia de curto prazo está diminuindo devido a fatores específicos, enquanto a de médio e longo prazo começa a sentir os efeitos da política monetária restritiva. Essa política, no entanto, é parcialmente compensada pelos gastos públicos expansionistas, que atuam como um “freio de mão” na redução da inflação. A Warren prevê que a deflação de agosto será impulsionada pela gasolina no setor de transportes, com uma expectativa negativa de -0,55%, e pelas passagens aéreas (-2,59%). O bônus de Itaipu, a bandeira vermelha e os reajustes tarifários devem resultar em uma queda de -4,85% na energia elétrica.

Mirella Hirakawa, da Buysidebrazil, compartilha dessa análise, esperando uma pressão baixista devido ao “tarifaço”, embora sua magnitude ainda seja incerta. Além do impacto do tempo sobre as tarifas, o mercado observa o desenrolar do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus possíveis efeitos sobre os produtos brasileiros. No sentido oposto, a disputa no Congresso em relação à anistia e os gastos do governo podem aumentar a pressão inflacionária. A possível queda da taxa de juros nos EUA também pode aliviar os preços, valorizando o real.

Em meio a esses fatores, a política de juro alto do Banco Central começa a impactar a atividade econômica. Desde junho, o juro real do país está acima do juro neutro, permitindo que o aperto monetário influencie os preços. Atualmente, o juro real é de 9,76%, descontada a inflação, enquanto o juro neutro está entre 5,5% e 6%. Agostini explica que, quando o juro real sobe acima do juro neutro, a política monetária restritiva se torna mais eficaz, desacelerando a economia.

Olhando para 2026, a Inflação da economia deve seguir em queda, mas em menor grau devido ao ano eleitoral, quando os gastos do governo tendem a aumentar. A política monetária continuará a surtir efeito, mas sua eficácia será limitada pela política fiscal expansionista. Agostini compara a situação a um “freio de mão puxado”, onde o carro anda, mas em menor velocidade. A reforma do Imposto de Renda também pode influenciar a Inflação da economia, especialmente nos serviços, conforme avalia Mirella Hirakawa. As projeções de IPCA da XP indicam 4,8% para 2025 e 4,5% para 2026. A Warren projeta 4,85% para 2025 e 4,50% para 2026, enquanto a Buysidebrasil estima 4,7% em 2025 e 4,2% em 2026.

Via InfoMoney

Sem tags disponíveis.
Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.