O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15%, conforme era amplamente esperado pelo mercado. Essa decisão confirma a postura cautelosa do Banco Central (BC), que não prevê corte nos juros no curto prazo, mesmo com a inflação desacelerando.
Economistas como Caio Megale da XP ressaltam que a manutenção da Selic indica uma estabilidade por um longo prazo. Além disso, o comunicado do Copom menciona a possibilidade de aumento da taxa, se necessário, o que foi um ponto destacado. A projeção de inflação permanece em 3,4% para o primeiro trimestre de 2027, desafiando as expectativas de relaxamento da política monetária.
A oposição entre a inflação persistente e a resiliência do mercado de trabalho reforça a necessidade de uma abordagem conservadora. O Copom sinaliza cautela, aguardando melhorias significativas na economia antes de considerar cortes na taxa de juros, que devem ocorrer somente a partir de 2026.
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15%, conforme amplamente esperado pelo mercado. A decisão, anunciada recentemente, veio acompanhada de um comunicado que reafirma a postura cautelosa do Banco Central (BC) em relação à política monetária. Economistas que acompanham de perto as decisões do Copom, interpretaram a mensagem como um sinal de que o corte de juros não deve ocorrer no curto prazo, mesmo com a desaceleração da inflação.
De acordo com Caio Megale, economista-chefe da XP, o Copom fez o esperado ao manter a taxa Selic em 15%, indicando que os juros permanecerão nesse patamar por um período prolongado. Megale destaca que dois pontos do comunicado foram mais conservadores do que o mercado antecipava. O primeiro ponto foi a inclusão da possibilidade de aumento da taxa Selic, caso seja necessário. O segundo ponto foi a projeção de inflação para o primeiro trimestre de 2027, que ficou em 3,4%.
Essa projeção, segundo Megale, ainda indica uma inflação consideravelmente acima da meta estabelecida, representando um desafio importante para a política monetária. Os trechos da comunicação do Copom, reforçam a percepção de que um corte de juros ainda está distante, adiando essa possibilidade para o primeiro trimestre do próximo ano. Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, concorda que o comunicado do Copom teve um tom mais austero, mantendo a projeção de inflação em 3,4%.

Ainda de acordo com Natalie, mesmo com a melhora do câmbio, o BC não suavizou sua avaliação do cenário econômico, reforçando a cautela em relação ao risco fiscal. A economista ressalta que a flexibilização da política monetária em 2025, dependerá de uma melhora significativa do cenário econômico, mantendo a projeção de corte de juros apenas para o primeiro trimestre de 2026. Danilo Passos, economista da WHG, avalia que alguns economistas esperavam uma postura mais branda do BC, diante da desaceleração da atividade econômica.
Para Passos, a apreciação do câmbio e a leve queda nas expectativas de inflação não se refletiram no comunicado do Copom. O BC reafirmou seu compromisso de manter a Selic em 15% nas próximas reuniões, em linha com a expectativa de juros estáveis até o final deste ano. Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, destaca que o mercado de trabalho no Brasil continua demonstrando resiliência, sendo um dos fatores que impactam o aumento da inflação, conforme mencionado pelo Banco Central.
Na opinião de Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, a decisão do Copom foi acertada, reconhecendo que o processo de desinflação ainda não é estrutural. Simioni ressalta que a persistência de uma inflação de serviços elevada, sugere que a economia opera próxima ou acima do seu potencial, reforçando a necessidade de uma postura monetária restritiva. Para o economista, cortes prematuros na taxa Selic, poderiam sinalizar uma acomodação, comprometendo as expectativas de inflação futura e exigindo uma resposta mais enérgica no futuro.
Luís Cezario, economista-chefe da Asset 1, acredita que os membros do Copom optaram por manter um tom conservador, visando fortalecer a credibilidade do BC e auxiliar na redução das expectativas de inflação. Cezario projeta que a evolução do cenário econômico, levará o Copom a ajustar sua comunicação nos próximos meses, preparando o terreno para um ciclo de corte de juros a partir do início de 2026. O economista também ressalta que a redução de juros nos Estados Unidos, continuará favorecendo a valorização do real.
A expectativa é de que a atividade econômica continue perdendo força em resposta ao aperto monetário já implementado. O Copom deve iniciar um ciclo de redução da política monetária a partir de janeiro, reduzindo a taxa Selic para 12% até o final de 2026. Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, compartilha da mesma linha de raciocínio, afirmando que o tom do comunicado foi conservador, sem espaço para discussões sobre corte de juros no curto prazo.
A perspectiva de corte de juros em 2025, torna-se mais distante, considerando a defasagem da política monetária e o patamar restritivo da Selic. Rafaela acredita que, para 2026, com a projeção de inflação de 3,4% em 2027, deve se consolidar no mercado a expectativa de um espaço para cortes de aproximadamente 300 bps.
O Copom sinaliza que a manutenção da taxa Selic em 15% é uma estratégia para garantir a convergência da inflação à meta estabelecida, mesmo diante de um cenário global de incertezas. A comunicação do Copom, reforça a importância de manter a cautela e a vigilância em relação aos indicadores econômicos, antes de considerar um possível corte de juros.
Via InfoMoney