No Brasil, a blindagem de carros costuma ser associada a oficinas informais, com prazos incertos e qualidade variável. Alessandro Ericsson e Lincoln Reis, experientes no setor de tecnologia, decidiram mudar esse cenário. Insatisfeitos com a oferta existente, fundaram a Carbon Blindados em 2015, após uma breve e frustrada parceria em outro projeto do segmento.
Vindos da área de TI, Ericsson e Reis trouxeram uma nova perspectiva para o mercado de blindagem. Enquanto a maioria das blindadoras trabalha de forma artesanal, a Carbon adotou um modelo industrial. Com três fábricas e mais de 1.400 funcionários, a empresa se tornou a maior blindadora de veículos civis do mundo.
A Carbon se destaca pela padronização de seus processos. Em vez da abordagem artesanal comum no setor, a empresa opera como uma linha de montagem. Isso garante maior eficiência e prazos menores. A blindagem de um carro, que costuma levar de 45 a 60 dias, é realizada pela Carbon em até 22 dias úteis. A produção de vidros blindados, outro gargalo do mercado, também é mais rápida na Carbon: apenas 10 dias, contra os 45 a 60 dias da concorrência.
A empresa trabalha em parceria com montadoras como Volvo, Toyota, Jaguar e Land Rover. Possui certificações que garantem a manutenção dos sistemas de segurança originais dos veículos, como airbags laterais, frequentemente comprometidos em blindagens artesanais. “Nosso compromisso é garantir segurança balística sem comprometer a segurança automotiva”, afirma Ericsson.
Em 2024, o Brasil blindou 32 mil veículos, dez vezes mais que o México, o segundo colocado. Este crescimento, impulsionado pela crescente insegurança, reflete a alta de roubos e furtos de veículos no país. Em 2024, os roubos cresceram 26,6% e os furtos 23,3%, com São Paulo e Rio de Janeiro concentrando a maioria dos casos.
Com faturamento de R$ 470 milhões em 2024, a Carbon projeta atingir R$ 600 milhões em 2025, um crescimento de 40%. Para isso, planeja investir R$ 50 milhões entre 2025 e 2026 na expansão da produção. Já com duas fábricas de vidro blindado, a empresa está inaugurando uma unidade para produção de mantas balísticas, insumo essencial para a blindagem.
Além do mercado de carros zero quilômetro, a Carbon mira o segmento de seminovos. “Existe um mito de que só se blinda carro zero”, afirma Reis. A empresa reconhece o potencial desse mercado em crescimento, com consumidores que optam por blindar seus veículos usados.
Com presença internacional e exportando para Europa, Oriente Médio, África e América Latina, a Carbon busca consolidar seu modelo e ampliar sua participação no mercado. A empresa se propõe a transformar o setor de blindagem, tradicionalmente artesanal e com pouca inovação, em uma indústria moderna e eficiente. “Blindar um carro não pode ser um processo sem controle. Segurança precisa ser levada a sério”, diz o CEO.
A Carbon se posiciona como uma alternativa para quem busca blindagem de carros com processos industriais, prazos definidos e garantia de qualidade, em contraste com o mercado informal que ainda domina o setor. A empresa aposta na verticalização da produção e na parceria com montadoras para oferecer um serviço diferenciado, focado na segurança e na eficiência.
Via Exame
