O pedido de Chapter 11 da First Brands, produtora americana de autopeças, gerou especulações sobre um escândalo financeiro em larga escala. A empresa enfrenta investigações pela suposta manipulação de seus números financeiros, com alegações de desvio de fundos. O impacto é significativo, afetando o setor automotivo e o mercado de crédito privado.
Com dívidas que podem ultrapassar US$ 50 bilhões, o caso despertou a atenção do Departamento de Justiça dos EUA. Bancos e hedge funds estão em alerta, temendo perdas bilionárias. As seguradoras também se preparam para pedidos de indenização e buscam entender os desdobramentos dessa crise.
A comparação com o escândalo da Enron é iminente, à medida que novas informações surgem. Essa situação destaca a necessidade de maior vigilância no mercado de crédito e questiona práticas financeiras complexas, que podem levar a crises semelhantes no futuro.
O pedido de Chapter 11 da First Brands, produtora americana de autopeças, desencadeou uma série de eventos que podem culminar em um dos maiores escândalos financeiros da história recente. A empresa, que solicitou a proteção judicial após um de seus credores questionar suas práticas de financiamento e apreender parte de seu caixa, agora enfrenta investigações e alegações de desvio de fundos. O Caso First Brands tem ramificações significativas no mercado de crédito privado e no setor automotivo.
A First Brands estimou uma dívida entre US$ 10 bilhões e US$ 50 bilhões, com ativos entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões, ao pedir reestruturação. Essa disparidade acendeu um alerta no mercado de crédito e atraiu a atenção do Departamento de Justiça dos EUA (DOJ), que iniciou uma investigação. O Financial Times reportou que o valor real da dívida pode chegar a US$ 12 bilhões.
Seguradoras como Allianz, Coface e AIG se preparam para receber pedidos de indenização. Bancos e hedge funds, incluindo Jefferies, UBS e Millennium, podem enfrentar perdas bilionárias devido a suas operações com a empresa. A Raistone, provedora de serviços financeiros e credora da First Brands, alega que US$ 2,3 bilhões “simplesmente sumiram” do balanço da empresa, exigindo uma investigação externa.
Há indícios de que a Raistone, especializada em capital de giro e trade finance, pode estar envolvida no problema. Dave Skirzenski, fundador da Raistone, trabalhou na Greensill Capital antes de seu colapso em 2021, empresa conhecida por viabilizar operações financeiras controversas. Investidores americanos já comparam o Caso First Brands ao escândalo da Enron, que escondeu cerca de US$ 30 bilhões em dívidas antes de sua queda em 2001.
Fundada em 2013 pelo empresário malaio Patrick James, a First Brands cresceu rapidamente através de uma estratégia agressiva de aquisições, sustentada pelo mercado de crédito privado. A empresa, que detém 24 marcas no setor automotivo, acumulou uma dívida de US$ 6 bilhões até março, segundo dados divulgados pela própria empresa.
A First Brands utilizava o factoring, um tipo de empréstimo de curto prazo lastreado em faturas não pagas, para se financiar. As autoridades investigam a possível venda duplicada desses recebíveis. O mercado de crédito privado continuou a emprestar à First Brands até que um credor suspeitou que o financiamento fora do balanço estava fora de controle.
Duas semanas antes do pedido de Chapter 11, os bonds da First Brands eram negociados a níveis relativamente saudáveis. Isso levanta preocupações sobre a due diligence no mercado de crédito privado e o risco de outras situações semelhantes. Algumas seguradoras já haviam reduzido sua cobertura da First Brands há quase um ano, após detectarem problemas de pagamento em uma de suas subsidiárias, de acordo com o FT.
Jim Chanos, gestor que previu o escândalo da Enron, comentou ao FT que “enquanto tudo está funcionando, ninguém fará perguntas. Só quando uma empresa ou os mercados tropeçam é que as pessoas notam que o que estão fazendo não faz o menor sentido”. Entre os players implicados, fundos da Point Bonita Capital (Jefferies) comunicaram exposição de US$ 715 milhões à First Brands, enquanto o UBS indicou US$ 500 milhões comprometidos via sua unidade de hedge funds O’Connor. A ação da Jefferies já recuou 25% desde a divulgação do escândalo.
O tamanho exato do impacto financeiro ainda não está claro, e investidores monitoram as possíveis repercussões no setor automotivo. Com as tarifas impostas durante o governo Trump impactando o setor, mais empresas podem recorrer a esse tipo de financiamento, aumentando o risco de uma crise sistêmica. A situação da First Brands serve de alerta sobre os perigos de práticas financeiras complexas e a necessidade de maior transparência no mercado de crédito.
Via Brazil Journal