Cientistas descobrem ferramentas de ossos com 1,5 milhão de anos em sítio arqueológico

Ferramentas de ossos de 1,5 milhão de anos encontradas! Descoberta na Tanzânia revoluciona a história da tecnologia. Confira agora!
06/03/2025 às 17:34 | Atualizado há 5 meses
Ferramentas de ossos
Tecnologia antiga da Tanzânia desafia noções sobre a história humana. (Imagem/Reprodução: Super)

A descoberta de ferramentas de ossos na Tanzânia, datadas de 1,5 milhão de anos atrás, está revolucionando a compreensão sobre a capacidade cognitiva de nossos ancestrais. Esses artefatos, feitos de ossos de animais como elefantes e hipopótamos, revelam uma tecnologia óssea muito mais antiga do que se imaginava, desafiando a ideia de que essa habilidade surgiu apenas 400 mil anos atrás.

As escavações na Garganta de Olduvai, um local conhecido por suas ricas descobertas arqueológicas, trouxeram à luz 27 fragmentos de ossos adaptados como ferramentas de ossos. A análise por radiocarbono confirmou a antiguidade dessas peças, remetendo a um período anterior ao surgimento do Homo sapiens. Essa descoberta sugere que outras espécies de hominíneos, nossos ancestrais extintos, já possuíam um conhecimento avançado na manipulação de materiais para criar utensílios.

Essa nova evidência desafia a visão anterior de que as ferramentas de ossos eram uma invenção relativamente recente na história da humanidade. Até então, os registros mais antigos datavam de 400 mil a 250 mil anos atrás, encontrados principalmente em sítios europeus. As ferramentas agora descobertas na Tanzânia são muito mais antigas, ampliando significativamente a linha do tempo da tecnologia óssea.

O desenvolvimento de ferramentas de ossos é considerado um marco crucial na evolução humana. Acredita-se que a criação de utensílios, inicialmente de pedra e, posteriormente, de ossos, permitiu aos nossos ancestrais obter mais nutrientes de suas caças. Ao utilizar ferramentas para extrair tutano e carne de animais, eles garantiram uma dieta mais rica, o que pode ter contribuído para o sucesso evolutivo dos hominíneos.

Os artefatos encontrados variam em tamanho, entre 20 e 40 centímetros de comprimento, e alguns chegam a pesar até um quilo. Francesco d’Errico, arqueólogo da Universidade de Bordeaux e coautor do estudo, mencionou que há uma clara intenção de modificar a forma do osso, transformando-o em ferramentas pesadas e alongadas. Em alguns casos, foram identificados entalhes que podem ter facilitado o manuseio das ferramentas.

A função exata dessas ferramentas de ossos ainda é incerta. A equipe de pesquisa sugere que elas poderiam ter sido utilizadas para o abate de animais, auxiliando no desmembramento e processamento das carcaças. Com o tempo, essas ferramentas podem ter sido substituídas por outras de pedra, consideradas mais eficazes e duráveis à medida que a tecnologia evoluía.

O período de um milhão de anos que separa esses novos registros das evidências anteriores de ferramentas de ossos levanta muitas questões. A tecnologia óssea pode ter passado por transformações, ter se disseminado para outras regiões ou até mesmo ter desaparecido antes de ser reinventada. O estudo dessas ferramentas oferece uma nova perspectiva sobre as habilidades cognitivas e a capacidade de adaptação de nossos ancestrais.

Essa inovação pode ter influenciado a complexidade dos comportamentos dos hominíneos, incluindo o desenvolvimento de modelos mentais mais elaborados, a curadoria de artefatos e a busca por novas matérias-primas. A descoberta de ferramentas de ossos na Tanzânia abre novas portas para a compreensão da evolução humana e da tecnologia.

Via Superinteressante

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.