A **IA para infraestrutura** está transformando o cenário de projetos e investimentos no Brasil. Com o governo federal estimando mais de R$ 100 bilhões em projetos de infraestrutura até 2025 e a ABDIB projetando R$ 370 bilhões até 2029, a inteligência artificial surge como uma ferramenta crucial. Essa tecnologia promete otimizar cada fase do ciclo de vida dos ativos, desde o planejamento até a operação, garantindo mais inteligência e transparência em todo o processo.
Paulo Uebel, sócio da EY Brasil, destaca que o governo pode utilizar a IA para assegurar que os projetos de estruturação e modelagem sejam bem elaborados e que as obras sigam as especificações técnicas contratuais. Além disso, a IA aperfeiçoa a gestão de riscos, identificando e mitigando-os de forma proativa, como no monitoramento em tempo real das condições dos ativos de infraestrutura. A aplicação prática da inteligência artificial visa evitar colapsos estruturais, como o da ponte entre Tocantins e Maranhão.
A criação de cópias digitais tridimensionais dos ativos permite monitorar o desgaste e programar a manutenção necessária. A resiliência dos ativos de infraestrutura é fundamental diante dos impactos das mudanças climáticas, como chuvas extremas e secas, exigindo investimentos robustos para garantir sua durabilidade e segurança.
Um estudo da EY em parceria com a Federação Internacional de Engenheiros Consultores (FIDIC) aponta cinco princípios para o uso eficaz da IA para infraestrutura. O primeiro é definir o propósito da IA, priorizando as necessidades do usuário final. Uebel exemplifica que, ao buscar aumentar vagas em creches, a IA pode comparar alternativas como construir novas unidades, reformar as existentes ou otimizar o uso das salas de aula, indicando a opção mais eficiente em termos de custo-benefício.
O segundo princípio é o planejamento de ponta a ponta. A IA para infraestrutura se aplica a todas as etapas, do planejamento à manutenção, auxiliando na decisão entre usar materiais mais baratos com maior manutenção ou investir em insumos mais caros com menor custo a longo prazo. A IA ajuda os gestores a escolherem a solução ideal para cada situação.
O terceiro princípio aborda o modelo operacional ideal. A IA auxilia na escolha dos melhores arranjos contratuais, ponderando entre investimento direto do Estado, concessões ou PPP (Parcerias Público-Privadas). A tecnologia considera fatores como valor do investimento, tempo de execução, complexidade da obra, custos operacionais, duração do projeto e receitas diretas e acessórias. Concessões são frequentemente eficientes para rodovias de alto fluxo, viabilizando o investimento com receitas diretas e indiretas.
Os dois últimos princípios relacionam-se à forma de trabalhar e operar os ativos. A IA para infraestrutura indica os sistemas e equipes mais eficientes, definindo se é melhor uma equipe sênior enxuta ou uma equipe maior de recém-formados. Na operação dos ativos, a IA assegura manutenções preditivas no tempo correto, evitando que problemas ocorram antes da solução, como em ativos que não são objeto de concessão ou PPP.
A atuação preditiva proporcionada pela IA evita colapsos e otimiza custos para todos os envolvidos, garantindo eficiência e segurança nas infraestruturas.
Via TI Inside